quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

MPF/SP: Justiça abre processo contra bispos da Renascer por evasão de divisas

Líderes da igreja não declararam à Receita Federal os 56 mil dólares que levaram para os EUA e que resultaram na prisão do casal naquele país.

O juiz federal substituto Márcio Rached Millani, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, especializada em lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro, recebeu no último dia 28 de janeiro denúncia do Ministério Público Federal em São Paulo e abriu processo contra os pastores evangélicos Estevam Hernandes Filho e Sonia Haddad Moraes Hernandes, líderes da Igreja Renascer, pelo crime de evasão de divisas.
Os bispos da Renascer foram presos no aeroporto de Miami, Estados Unidos, em janeiro de 2007. O casal entrou nos EUA alegando que não portava moeda americana, mas depois admitiu que possuía mais de dez mil dólares e teve a bagagem revistada. Foram encontrados US$ 56.467 com o casal e um de seus filhos. Parte do montante estava na capa de uma bíblia e num porta-CDs. Eles foram condenados naquele país pelo crime de “contrabando de dinheiro” e atualmente cumprem pena de reclusão.
No Brasil, segundo a Lei nº 9.069/95, tanto na saída quanto na entrada em território nacional, é obrigatório declarar à Receita Federal o porte de moeda estrangeira em valor superior a dez mil reais. Segundo informações obtidas pela Receita Federal, nem Estevam nem Sonia declararam no aeroporto de Cumbica, quando embarcaram, que portavam quantia superior a esse limite. O sistema da Receita também foi checado e nenhuma declaração foi encontrada.
Uma vez concluído o inquérito policial, o MPF ofereceu denúncia contra Estevam e Sonia pelos crimes de evasão de divisas e falsidade ideológica (no caso, refere-se a omissão de informações à Receita). A denúncia foi oferecida no final de novembro e foi apreciada e recebida este mês. No momento, Sonia Hernandes cumpre pena de reclusão de 140 dias. No mesmo período, Estevam cumpre prisão domiciliar. Após o cumprimento da pena, o casal entra em condicional, que durará dois anos.


Marcelo Oliveira
Assessoria de Comunicação
Procuradoria da República em São Paulo

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Ex-prostitutas tentam salvar almas nos EUA

 

20080128hookers1Loiras siliconadas de roupas escassas andando à noite pelas ruas mais sórdidas das cidades americanas. Não, elas não estão fazendo o que você está pensando. Pelo menos, não mais. Ex-prostitutas e strippers estão se reunindo em grupos que procuram ajudar as colegas que ainda não abandonaram a vida pecadora. Trata-se dos grupos Hookers for Jesus e JC´s Girls – as mais novas pregadoras cristãs da América do Norte.

“Nós não pregamos e não julgamos. Apenas dizemos a elas que Deus as ama, mesmo que sejam prostitutas”, diz Annie Lobert, fundadora do Hookers for Jesus, em matéria publicada pelo jornal britânico Telegraph (que publicou uma galeria de imagens, incluindo as duas fotos reproduzidas neste texto). O principal alvo das boas samaritanas são locais como a premiação anual da indústria pornô em Las Vegas ou então exposições da crescente indústria erótica mundial, onde podem ser encontradas trocando cartões e conselhos com estrelas de filmes adultos.

20080128hookers2Pelo menos uma coisa as ex-prostitutas já conquistaram: notoriedade. Uma série de vídeos chamados Saving Sex City está entre os mais assistidos do YouTube, e os perfis dos grupos no MySpace também são um sucesso. O resultado é, segundo a reportagem, uma

congregação que já chega a reunir 2.500 seguidores. Interessado? Então confira a matéria completa aqui e veja o perfil das moçoilas neste outro link.

fonte globo.com

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

AS MINEIRAS

O sotaque das mineiras deveria ser ilegal, imoral ou
engordar. Porque, se tudo que é bom tem um desses
horríveis efeitos colaterais, como é que o falar,
sensual e lindo ficou de fora? 
Porque, Deus, que sotaque! 
Mineira devia nascer com tarja preta avisando:
ouvi-la faz mal à saúde. 
Se uma mineira, falando mansinho, me pedir para
assinar um contrato doando tudo que tenho, sou capaz
de perguntar: só isso? Assino achando que ela me faz
um favor. 
Eu sou suspeitíssimo. Confesso: esse sotaque me
desarma. 
Certa vez quase propus casamento a uma menina que me
ligou por engano, só pelo sotaque. 
Os mineiros têm um ódio mortal das palavras
completas. Preferem, sabe-se lá por que,
abandoná-las no meio do caminho (não dizem: pode
parar, dizem: "pó parar"). 
Os não-mineiros, ignorantes nas coisas de Minas,
supõem, precipitada e levianamente, que os mineiros
vivem - lingüisticamente falando - apenas de uais,
trens e sôs. 
Digo-lhes que não. Mineiro não fala que o sujeito é
competente em tal ou qual atividade. Fala que ele é
bom de serviço. Pouco importa que seja um juiz de
direito, um jogador de futebol ou um ator de filme
pornô. Se der no couro - metaforicamente falando,
claro - ele é bom de serviço. 
Faz sentido... 
Mineiras não usam o famosíssimo tudo bem. 
Sempre que duas mineiras se encontram, uma delas há
de perguntar pra outra: "cê tá boa?" 
Para mim, isso é pleonasmo. Perguntar para uma
mineira se ela tá boa é desnecessário. 
Vamos supor que você esteja tendo um caso com uma
mulher casada. Um amigo seu, se for mineiro, vai
chegar e dizer: Mexe com isso não, sô (leia-se: sai
dessa, é fria, etc). O verbo "mexer", para os
mineiros, tem os mais amplos significados. Quer
dizer, por exemplo, trabalhar. Se lhe perguntarem
com que você mexe, não fique ofendido. Querem saber
o seu ofício. 
Os mineiros também não gostam do verbo conseguir.
Aqui ninguém consegue nada. Você não dá conta. Sôcê
(se você) acha que não vai chegar a tempo, você liga
e diz: Aqui, não vou dar conta de chegar na hora,
não, sô. Esse "aqui" é outro que só tem aqui. É
antecedente obrigatório, sob pena de punição
pública, de qualquer frase. É mais usada, no
entanto, quando você quer falar e não estão lhe
dando muita atenção: é uma forma de dizer, "olá, me
escutem, por favor,". 
É a última instância antes de jogar um pão de queijo
na cabeça do interlocutor. 
Mineiras não dizem "apaixonado por". Dizem, sabe-se
lá por que, "pêxonado com". Soa engraçado aos
ouvidos forasteiros. Ouve-se a toda hora: "Ah, eu
pêxonei com ele...". Ou: "sou doida com ele" (ele,
no caso, pode ser você, um carro, um cachorro). Elas
vivem apaixonadas "com" alguma coisa. 
Que os mineiros não acabam as palavras, todo mundo
sabe. É um tal de "bonitim", "fechadim", e por aí
vai. 
Já me acostumei a ouvir: "E aí, vão?". Traduzo: "E
aí, vamos?". Não caia na besteira de esperar um
"vamos" completo de uma mineira. Não ouvirá nunca. 
Eu preciso avisar à língua portuguesa que gosto
muito dela, mas prefiro, com todo respeito, a
mineira. Nada pessoal. Aqui certas regras não
entram. São barradas pelas montanhas. 
No supermercado, não faz muitas compras, ele compra
"um tanto de côsa". O supermercado não estará
lotado, ele terá "um tanto de gente". 
Se a fila do caixa não anda, é porque está
"agarrando" [aliás, "garrando"] lá na frente.
Entendeu? Agarrar é agarrar, ora! 
Se, saindo do supermercado, a mineirinha vir um
mendigo e ficar com pena, suspirará: Ai, gente, que
dó. É provável que a essa altura o leitor já esteja
apaixonado pelas mineiras. 
Não vem caçar confusão pro meu lado. Porque, devo
dizer, mineiro não arruma briga, mineiro "caça
confusão". Se você quiser dizer que tal sujeito é
arruaceiro, é melhor falar, para se fazer entendido,
que ele "vive caçando confusão". 
Para uma mineira falar do meu desempenho sexual, ou
dizer que algo é muitíssimo bom vai dizer: "Ô, é sem
noção". Entendeu, leitora? É sem noção! Você não
tem, leitora, idéia do "tanto de bom" que é. Só não
esqueça, por favor, o "Ô" no começo, porque sem ele
não dá para dar noção do tanto que algo é sem noção,
entendeu? 
Capaz... Se você propõe algo e ela diz: capaz!!!
Vocês já ouviram esse "capaz"? É lindo. Quer dizer o
quê? Sei lá, quer dizer "ce acha que eu faço isso"?
com algumas toneladas de ironia... 
Se você ameaçar casar com a Gisele Bundchen, ela
dirá: "Ô dó dôcê". Entendeu? Não? Deixa para lá. 
É parecido com o "nem...". Já ouviu o "nem..."?
Completo ele fica:- Ah, nem... O que significa?
Significa, amigo leitor, que a mineira que o
pronunciou não fará o que você propôs de jeito
nenhum. Mas de jeito nenhum. 
Você diz: "Meu amor, cê anima de comer um tropeiro
no Mineirão?". Resposta: "Nem..." Ainda não
entendeu? Uai, nem é nem. 
Leitor, você é meio burrinho ou é impressão? 
A propósito, um mineiro não pergunta: "você não
vai?". A pergunta, mineiramente falando, seria: "cê
não anima de ir"? 
Tão simples. O resto do Brasil complica tudo. 
É, ué, cês dão umas volta pra falar os trem... 
Falando em "ei...". As mineiras falam assim, usando,
curiosamente, o "ei" no lugar do "oi". Você liga, e
elas atendem lindamente: "eiiii!!!", com muitos
pontos de exclamação, a depender da saudade... 
Tem tantos outros... 
O plural, então, é um problema. Um lindo problema,
mas um problema. 
Sou, não nego, suspeito. Minha inclinação é para
perdoar, com louvor, os deslizes vocabulares das
mineiras. Aliás, deslizes nada. Só porque aqui a
língua é outra, não quer dizer que a oficial esteja
com a razão. 
Se você, em conversa, falar: Ah, fui lá comprar umas
coisas... Ques côsa? - ela retrucará. O plural dá um
pulo. Sai das coisas e vai para o que. Ouvi de uma
menina culta um "pelas metade", no lugar de "pela
metade". 
E se você acusar injustamente uma mineira, ela,
chorosa, confidenciará: Ele pôs a culpa "ni mim". 
A conjugação dos verbos tem lá seus mistérios em
Minas... Ontem, uma senhora docemente me consolou:
"prôcupa não, bobo!". E meus ouvidos, já acostumados
às ingênuas conjugações mineiras, nem se espantam.
Talvez se espantassem se ouvissem um: "não se
preocupe", ou algo assim. 
A fórmula mineira é sintética. E diz tudo. Até o
"tchau" em Minas é personalizado. Ninguém diz tchau
pura e simplesmente. Aqui se diz: "tchau procê",
"tchau procês". 
É útil deixar claro o destinatário do tchau.

AS MINEIRAS
Carlos Drummond de Andrade.

Morei em Ouro Prêto em 1986, e li este texto de Drummond e sei exatamente

o seu sentido.

As 25 diferenças entre o pastor e o lobo

Mt 7:15-16a "Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores. Vocês os reconhecerão por seus frutos".

 

1- Pastores cultivam o aprisco; lobos criam armadilhas.
2- Pastores buscam o bem das ovelhas; lobos buscam os bens das ovelhas.
3- Pastores vivem à sombra da cruz; lobos vivem à sombra de holofotes.
4- Pastores choram pelas suas ovelhas; lobos fazem suas ovelhas chorar.
5- Pastores têm autoridade espiritual; lobos são autoritários e dominadores.
6- Pastores têm esposas participantes; lobos têm mulheres coadjuvantes.
7- Pastores têm fraquezas; lobos são poderosos.
8- Pastores olham nos olhos; lobos contam cabeças.
9- Pastores são ensináveis; lobos são donos da verdade.
10- Pastores têm amigos; lobos têm admiradores.
11- Pastores vivem o que pregam; lobos pregam o que não vivem.
12- Pastores sabem orar no secreto; lobos só oram em público.
13- Pastores vivem para suas ovelhas; lobos se abastecem das ovelhas.
14- Pastores vão para o púlpito; lobos vão para o palco.
15- Pastores se interessam pelo crescimento das ovelhas; lobos se interessam pelo crescimento das ofertas.
16- Pastores alimentam as ovelhas; lobos se alimentam de ovelhas.
17- Pastores buscam a discrição; lobos se autopromovem.
18- Pastores usam as Escrituras como texto; lobos usam as Escrituras como pretexto.
19- Pastores se comprometem com o projeto do Reino; lobos têm projetos pessoais.
20- Pastores vivem uma fé encarnada; lobos vivem uma fé espiritualizada.
21- Pastores ajudam as ovelhas a se tornarem independentes de homens; lobos criam ovelhas dependentes deles.
22- Pastores são simples e comuns; lobos são vaidosos e especiais.
23- Pastores tem dons e talentos; lobos tem cargos e títulos.
24- Pastores dirigem igrejas-comunidades; lobos dirigem igrejas-empresas.
25- Pastores pastoreiam as ovelhas; lobos seduzem as ovelhas.

filado do site http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=31404

domingo, 27 de janeiro de 2008

Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.

Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.

Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.

Deles não quero resposta, quero meu avesso.

Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco.

Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.

Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.

Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.

Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.

Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos nem chatos.

Quero-os metade infância e outra metade velhice!

Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.

Tenho amigos para saber quem eu sou.

Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde, escritor irlandês via Pavablog

ES: em nome da fé, fiéis se isolam e vendem os bens

Uma pequena comunidade religiosa vem chamando a atenção dos capixabas. É a seita Tabernáculo Vitória, localizada no bairro Santa Tereza, região da Grande Santo Antônio, em Vitória (ES). O grupo, que se prepara e acredita que o dia do juízo final está próximo, é formado por famílias que vivem isoladas, sem contato com parentes, em uma espécie de condomínio fechado. Para fazer parte da igreja, elas se desfazem de todos os bens pessoais.

Eliana Gorritti/Especial para o Terra

Mais de 200 fiéis vivem em 150 quitinetes em um prédio de cinco andares, que foi erguido em regime de mutirão. A instituição é presidida pelo pastor Inereu Vieira Lopes. Uma funcionária da igreja que, com medo de represálias, preferiu não se identificar, disse que os cultos são restritos aos membros da comunidade que moram nas quitinetes. "Todos os cultos são celebrados a portas fechadas", contou.

É assim, à margem da sociedade, que essas pessoas aguardam o retorno de Jesus no chamado Dia da Salvação. Para entrar e sair da comunidade é preciso se identificar pelo primeiro nome e olhar para uma das câmeras que ficam em frente ao portão principal. Quem entra e sai do local não fala com ninguém.

O que preocupa familiares e amigos dessas pessoas é o fato de que os fiés se desfazem de todos os bens pessoais. Tudo precisa ser entregue para a administração da comunidade. Muitos fiéis já venderam todos os bens que possuíam e entregaram o dinheiro para a igreja, em troca da "salvação".

Foi o que aconteceu com o filho do marceneiro João Lopes. Ele conta que o filho, de 31 anos, há cerca de nove meses vendeu tudo que tinha para morar com a mulher e três filhos na comunidade. Segundo Lopes, ele vendeu a casa, um carro e uma placa de táxi e entregou todo o dinheiro, mais de R$ 200 mil, ao pastor Inereu. "Acho que eles sofreram uma lavagem cerebral. Como pode alguém entregar tudo que construiu em uma vida para seguir as promessas desse pastor?", questiona Lopes.

Os parentes dos seguidores afirmam que o pastor Inereu e seu filho andam em carros de luxo. "De onde eles tiraram dinheiro para comprar esses carros, se ninguém pode trabalhar fora da igreja? E por que eles têm carros, se afirmam que só quem abrir mão dos bens materiais vai encontrar a salvação?", questiona Lopes.

O delegado Lauro Coimbra, chefe da Delegacia de Defraudações e Falsificações, disse que só pode intervir na Igreja se algum dos fiéis procurar a polícia. "Para abrir um boletim de ocorrência nós temos que ter uma vítima. A polícia precisa de uma vítima que fale que foi enganada e que se sentiu lesada por ser induzida a se desfazer dos bens. Uma pessoa que fale que doou porque foi iludida, ludibriada e perdeu o dinheiro. Sem a vítima, não há crime", explicou.

De acordo com o delegado, se surgir uma vítima, o pastor pode ser indiciado por vários crimes, como estelionato e falsidade ideológica. "As características são de um golpe. Mas a polícia fica de mãos atadas porque as pessoas estão lá dentro por vontade própria. E cada um faz o que quer com os bens que possui", afirmou.

O pastor Inereu Vieira Lopes, responsável pela instituição, foi procurado para falar sobre a Igreja Tabernáculo Vitória, mas não quis dar entrevista.

Redação Terra

Em tempo como diz o meu amigo Davi Capistrano, a palavra de Deus diz que nem o Filho

sabe quando vai ser o fim, ai vem um doido e começa um troço desse......

Terra Caída - Catulo da Paixão Cearense

FAZ hoje sete janêro,

que eu dêxei o Ciará,

e rumei lá pró Amazona,

a terra dos siringá.

N’aquelas mata bravia,

lá, nos centro arritirado,

as arve tem munto leite,

mas nós já tâmo cansado!

O inverno, n’aquele inferno,

é uma grande infernação!

No inverno não se trabaia,

que é o tempo da alagação.

Isperei. Veio o verão.

É mais mió não falá!...

Tu qué sabe, meu amigo,

o que é os siringá?!

É trabaiá... Trabaiá!

É um hôme se individá!

É vive n’uma barraca,

n’um miserave casebre

e sé ferrado da febre,

que anda danada prú lá!

É trabaiá, trabaiá,

dendê que rompe a minhã,

prá de dia sé chupado

pulo piúm, que é marvado,

e de noite sé sangrado

pulo tá carapanã!!

É um hôme dá todo o sangue

pró mardito do piúm,

e vortá mais disgraçado,

cumo eu — o Chico Mindélo,

duente, feio e amarelo,

cumo a frô do girimúm.

Ansim, lá dos siringá,

no fim de três, de três ano,

sem um vintém ajuntá,

ia vortá prá Manáu,

tândo fixe na tenção

de Manáu vim pró sertão

do meu quirido Ciará.

Apois!... siguindo os consêio

que me dava o coração,

arrêzôrvi não vortá!

Nasceu em São Luis do Maranhão e mudou-se para o Rio de Janeiro, com os pais, em 1888, ainda adolescente, onde trabalhou como joelheiro. Relacionou-se com músicos (“chorões”) da época, participando da vida boêmia da cidade. De suas composições, o “Luar de Sertão” (1908), com letra de sua autoria, é até hoje peça popular, considerada um verdadeiro hino do sertanejo. Leia mais na página de Antônio Miranda

filado do blog do Noblat

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

O tanque.

O tanque.
Ricardo Gondim.

Era uma vez, uma cidade muito, muito importante; considerada o centro do mundo porque fatos notáveis aconteceram em suas colinas. Primeiro conhecida como a cidade de Davi, depois Jerusalém, ela se tornou a sede da religião dos judeus, cristãos e muçulmanos - que a consideram sagrada.

Em Jerusalém havia um chafariz que ficava próximo de uma feira de animais. Como sempre foi uma cidade bem mística alguém começou a dizer que as águas desta fonte eram miraculosas. Rapidamente, a notícia ganhou dimensões extraordinárias e espalhafatosas; no mercado, dizia-se que um anjo vinha do céu uma vez por ano, movia as águas e o primeiro doente que mergulhasse, seria curado.

Multidões se formaram, todos aguardando um milagre. A administração municipal de Jerusalém, interessada na romaria, mas também por razões humanitárias, resolveu construir um pavilhão para abrigar tanto enfermo. Edificaram um prédio imponente, com um alpendre de cinco pavimentos, que se lotava de paralíticos, cegos e doentes de toda a espécie. Devido a essa enorme expectativa, sempre adiada, de que uma pessoa (só uma) seria brindada com um milagre, o lugar foi denominado, ironicamente, de Betesda - que significa “casa de misericórdia”.

Conta-se que muitas famílias, para se verem livres dos doentes, os abandonavam nos alpendres do tanque de Betesda. Os ricos compravam escravos para os ajudarem a entrar nas águas. Alguns alugavam as bordas mais próximas, que possibilitavam melhor acesso. Todos queriam o seu milagre e, lógico, os mais abastados, sagazes e famosos, se sentiam perto da graça.

Os pobres e os doentes graves, os destrambelhados, acabavam no fundão do tanque. A esperança deles desvanecia, mas logo chegavam notícias, aqui e acolá, de que alguém acabava de receber o seu milagre - no mercado ao lado, os agraciados contavam sua história e os crédulos e atentos peregrinos que visitavam Jerusalém retransmitiam os testemunhos. Assim, a esperança de cura ficava adiada por mais um ano.

Jesus não vivia em Jerusalém. Aliás, ele residia longe desse ambiente supersticioso – em Cafarnaum, mas sabia dos boatos. Em uma de suas visitas à cidade, resolveu visitar o tanque de Betesda. Com certeza, o que viu foi pior do que lhe contaram.

As pessoas afirmavam que o anjo descia até o tanque anualmente, mas ninguém sabia a data exata. Irrequietos, os doentes mais hábeis saltavam, esporadicamente, para se anteciparem ao anjo. A confusão era constante. Os que se sentiam melhor, corriam pelos corredores gritando “aleluia” e outros, nervosos e frustrados, desmentiam os milagres. Vez por outra, levantavam-se profetas prevendo o dia preciso em que o anjo visitaria o local.
Certos doentes jaziam por anos e anos em total mendicância, esperando o momento da cura que não chegava nunca. O estado de alguns era deplorável. Escaras cheiravam mal e piolhos podiam ser vistos a olho nu nos cabelos de certas mulheres.

Diante dessa realidade tão perversa, Cristo passou ao largo dos mais capazes, dos mais ricos e dos que menos precisavam de cura; dirigiu-se para um dos cantos esquecidos do tanque de Betesda e encontrou um homem que esperava por seu milagre há trinta e oito anos. Ninguém sabe seu nome, mas, com certeza era um pobre; sua família, ocupada com a sobrevivência, se esquecera dele fazia algumas décadas.

Jesus aproximou-se do paralítico e perguntou: “Você quer ser curado”? Ele respondeu dentro da lógica que aprendera: “Senhor, não tenho ninguém que me ajude a entrar no tanque quando a água é agitada. Enquanto estou tentando entrar, outro chega antes de mim”. De um só fôlego, Jesus ordenou: “Levante-se, pegue a sua maca e ande”. Imediatamente o homem pegou a maca e começou a andar.

A passagem de Jesus pelo tanque de Betesda aconteceu num sábado, o dia sagrado dos judeus, porque ele tinha um propósito: mostrar que a religião se preocupa, prioritariamente, com a sua estabilidade. Os religiosos sobrevivem da ilusão e não têm escrúpulos de gerar falsas expectativas em pessoas fragilizadas.

Quando aquele senhor abandonou o tanque de Betesda com a sua maca nas costas, Jesus deixou uma mensagem para a cidade de Jerusalém: "Os milagres que procedem de Deus não premiam quem souber se mostrar hábil, santo ou rico – Deus não faz acepção de pessoas, nem busca transformar os espaços religiosos numa corrida desenfreada pela bênção onde só os mais fortes sobrevivem".

O tanque de Betesda é metáfora que lembra a humanidade que Deus olha graciosamente para os desfavorecidos, para os que não têm a menor possibilidade de se safarem dos torniquetes perversos da injustiça, para os mais indefesos – órfãos e viúvas, por exemplo.

Cristianismo deve, portanto, assumir o compromisso de continuar visitando os campos de exilados (Darfur), as clínicas de Aids (África do Sul), as periferias miseráveis das grandes cidades (Brasil) para anunciar a mais alvissareira de todas as notícias: Deus não se esqueceu dos pobres.

Soli Deo Gloria.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Quando casar é pecado

Há 8 mil padres casados no Brasil. Eles não podem celebrar missa nem oficializar união na Igreja. E lutam para acabar com a exigência do celibato

Nelito Fernandes

SEM ARREPENDIMENTO
Casado com Maria Regina desde 1974, o padre Mauro Queiroz diz que deixou a batina por ser contrário à obrigatoriedade do celibato

Assim que terminou a missa de domingo, o padre Lauro Nogueira Sá Motta anunciou aos fiéis que iria se casar. Diante do alvoroço que tomou conta da paróquia, alguém deu a idéia de um plebiscito. Quem aceitasse a permanência dele como chefe da igreja local que levantasse a mão. Quase todos ergueram os braços. Depois de ovacionado, o pároco tomou coragem e foi falar com o bispo. “Disse a ele que o povo queria que eu ficasse na igreja mesmo casado. O bispo respondeu que o Vaticano não deixaria”, diz Motta. “Era mais um motivo para eu sair, porque o Vaticano estava distante do povo.”

O episódio, que movimentou a pequena cidade de Iguatu, no Ceará, aconteceu em 1972. Dois anos depois, Motta se casou com Laura, ex-secretária em um curso em que ele dava aulas de Teologia. Ele hoje tem três filhos e quatro netos. A Igreja Católica não mudou em nada a postura de proibir que seus padres se casem. Mas não pode impedi-los de largar a batina. A organização Rumos, que reúne os sacerdotes que largaram a Igreja, estima haver 8 mil padres que se casaram no Brasil. No mundo, eles seriam 150 mil. É um número expressivo. Pelos dados do Vaticano, há 400 mil padres em atividade.

No Brasil, o grupo é unido e organizado. Tem até um jornal próprio, que circula mensalmente. A cada dois anos, ocorre o Encontro Nacional das Famílias dos Padres Casados. A 17ª edição foi no Recife, entre os dias 10 e 13 de janeiro. Na reunião, eles trocam experiências, orientam os recém-casados e divulgam um manifesto pedindo o fim do celibato. O Vaticano, mais uma vez, vai ignorar o documento, como fez com os outros 16 já enviados pelo grupo. “O Vaticano é irredutível, mas a forma como o sacerdócio está regulamentado é ultrapassada, e há necessidade de uma diversificação”, diz Armando Holyzewski, presidente da associação Rumos. Ele foi padre durante 11 anos. Saiu da Igreja para se casar.

A saída do ministério costuma ser dramática para quase todo pároco. Depois dos nove anos de seminário e de outros tantos exercendo o sacerdócio, quem renuncia à vida na paróquia abandona bem mais que uma escolha ou vocação. “Deixar a batina não é como trocar de emprego, sair de um banco e ir para o outro. É deixar para trás uma opção de vida, os votos feitos, o comprometimento assumido”, diz o psicanalista João Batista Ferreira. “É uma escolha difícil, e vários padres passam a vida se perguntando se o caminho escolhido é o certo.” Ele fala com conhecimento de causa. Ex-padre, deixou a Igreja e hoje tem entre seus pacientes párocos na mesma situação. Para muitos, o ideal seria conciliar o sacerdócio com a vida conjugal.

O movimento dos padres casados não reivindica o fim do celibato, mas o de sua obrigatoriedade. Para Holyzewski, o celibato deveria ser opcional. “A Igreja não tem o direito de impedir o homem de se reproduzir.” O celibato tornou-se obrigatório na Igreja no século XVI, no Concílio de Trento. Reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e doutor em Direito Canônico, Jesus Hortal diz que o celibato segue o ensinamento de Cristo, que o teria defendido para dar mais liberdade à pregação. “Jesus exortou os pregadores a permanecerem céleres como ele, a seguir seu exemplo para ter disponibilidade completa para a pregação.” Hortal afirma que os padres precisam de dedicação exclusiva e não podem perder tempo com questões familiares quando têm assuntos da Igreja a tratar. “É uma medida disciplinar e uma questão de prudência.”

SOLTEIRO, NÃO
Antes de se casar com Eucivan e ter a filha, Ana Raquel, Clemir Fernandes perdeu uma vaga de pastor na igreja Batista

Em outras religiões não é assim. Há até preferência por sacerdotes casados. Pastor da Igreja Batista, Clemir Fernandes diz que perdeu uma vaga na congregação por ser solteiro. “O trabalho pastoral envolve aconselhamento familiar. Como alguém que não constituiu família pode falar sobre casamento?” Casado há 18 anos e pai de três filhos, o rabino Nilton Bonder diz que o judaísmo estimula o casamento pelo mesmo motivo. “Esse tipo de disciplina vai contra a natureza humana. O rabino tem de casar, trabalhar, conhecer a vida em seus meandros”, diz. Hortal afirma que esses argumentos não são válidos. “Um médico precisa já ter sofrido a mesma doença para poder tratar o paciente?”

Os padres casados costumam citar o exemplo da turma de 1958 do seminário de Mariana, Minas Gerais, para mostrar s como o casamento de sacerdotes afeta o catolicismo. Dos 29 formandos daquele ano, sete morreram, oito se casaram e 14 continuam na Igreja.
O padre que decide deixar a Igreja é obrigado, pelo Vaticano, a assinar uma carta de desligamento, na qual assume que não tem vocação para o ministério. Depois, o Vaticano o rebaixa ao “estado de leigo”: os padres ficam proibidos de pregar, dirigir paróquias e não podem se casar na Igreja – o que parece ser uma última penitência. “Claro que eu preferia ter casado no religioso, mas a Igreja nos ensina que Deus não está preso aos sacramentos”, diz o ex-padre Wilde Ricardo, de 41 anos, que deixou a igreja que comandava em Niterói, no Rio de Janeiro, em 2001. Wilde se casou um ano depois com uma ex-freqüentadora da paróquia. Hoje eles têm um filho de 6 meses, e Wilde dá aula de Teologia e Filosofia num curso da cidade. “Estou feliz, mas ficaria mais realizado se pudesse continuar na Igreja. As duas coisas não se excluem.”
Uma vez do lado de fora, os padres têm de se recolocar no mercado de trabalho com um diploma que lhes permite dar aulas de Teologia ou Filosofia. Os que se casam iniciam um novo estilo de vida, mas rejeitam o termo “ex-padre”. “Um médico que não exerce a medicina continua sendo médico, um advogado também. O padre é um padre pelo sacramento que recebeu. Não somos ex-padres, somos padres que se casaram. Continuamos com nossa fé”, afirma Holyzewski. Para ele, começar um relacionamento conjugal foi difícil. “Ela via em mim a figura do padre. Era viúva, não pensava em se casar, muito menos comigo.” Holyzewski diz que a adaptação ao casamento é demorada. “O padre se acostuma a ser o chefe, muitos têm um viés autoritário e acham que a mulher tem de se comportar como sua coroinha.”

A GRANDE FAMÍLIA
O padre Lauro Motta (no centro) tem três filhos e quatro netos. “O povo queria que eu ficasse na Igreja mesmo casado. O Vaticano, não”

Os casos de pedofilia que envolvem padres, no mundo inteiro, suscitam um debate sobre até que ponto a repressão sexual influi na deturpação da libido. “A pedofilia na Igreja é conseqüência direta do celibato”, afirmou Arnaldo Jabor, ex-seminarista, num artigo publicado no jornal O Globo. “A sexualidade, força máxima da vida, uma vez esmagada, vira uma máquina de perversões.” Hortal rebate. “Isso é uma estupidez sem tamanho. A pedofilia não se dá exclusivamente entre pessoas céleres, dá-se também entre os casados. Aliás, a imensa maioria dos pedófilos é casada”, diz.

Doutor em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, Paulo Fernando Carneiro de Andrade afirma que o celibato pode ser revisto porque não é um dogma da Igreja, mas uma disciplina eclesiástica. Segundo ele, em dois episódios, padres casados puderam entrar para a Igreja Católica. Os papas Pio XII e João Paulo II ordenaram pastores anglicanos casados que se converteram ao catolicismo e viraram padres. Nas contas dos casados, nada menos que 39 papas tiveram mulheres. O celibato, diz Andrade, vale apenas para a igreja latina, que segue a doutrina romana. Na Ucrânia e no Líbano, padres católicos podem ser casados, porque a Igreja Católica do Oriente permite.

Foi inconformado com o celibato que o padre Mauro Queiroz, hoje com 75 anos, deixou a Igreja. Ele se casou em 1974 e hoje tem três filhos. “Não me arrependo. O futuro de um padre é muito triste. Ele não tem família, não tem quem cuide dele na velhice. Morre sozinho, agarrado a uma causa em que a maioria não acredita mais.”

Fonte. revista Época

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Mude o mundo




(Romanos 12:2) - E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.
Fico alegre quando vejo ideias criativas vindas de pessoas que tem uma mentalidade Cristã,
visite o site deles http://mudeomundo.com.br/

sábado, 19 de janeiro de 2008

Para fazer um Talismã

Basta o teu coração
feito à viva imagem de teu demônio ou de teu deus.
Um coração apenas, como um crisol com brasas para a
idolatria.
Nada mais do que um indefeso coração enamorado.
Deixe-o na intempérie,
onde a erva entoa suas endechas de ama louca
e não possa dormir,
onde o vento e a chuva deixem cair seu látego em um golpe
de azul calafrio
sem convertê-lo em mármore e sem parti-lo em dois,
onde a escuridão abra suas tocas a todas as matilhas
e não consiga esquecer.
Jogue-o depois do alto de seu amor ao fervedouro da
bruma.
Ponha-o logo a secar no surdo regaço da pedra,
e escave, escave-o com uma agulha fria até arrancar o
último grão de esperança.
Deixe que o sufoquem as febres e a urtiga,
que o sacuda o trote ritual da alimária,
que o envolva a injúria feita com os retalhos de suas
antigas glórias.
Ou quando um dia um ano o aprisione com as garras de um século,
antes que seja tarde,
antes que se converta em múmia deslumbrante,
abra de par em par e uma por todas as suas feridas:
que as exiba ao sol da piedade, tal qual o mendigo,
que expõe seu delírio no deserto,
até que somente o eco de um nome cresça nele com a fúria
da fome:
uma incessante colherada contra o prato vazio.
Se sobrevive ainda,
se chegou até aqui feito à viva imagem de teu
demônio ou de teu deus;
eis aí um talismã mais inflexível que a lei,
mais forte que as armas e o mar do inimigo.
Guarde-o na vigília do teu peito como um sentinela.
Mas vele-o.
Pode crescer em ti como a mordedura da lepra;
pode ser teu verdugo.
O monstro inocente, o insaciável comensal da tua morte.
poema da argentina Olga Orozco

filado do PavaBlog

O Profeta de Rio dos Cedros

Ouvi falar do profeta de Rio dos Cedros na minha passagem por Santa Catarina no começo deste ano. Foi só há duas semanas, no entanto, que terminei o longo processo de localizá-lo, telefonar para marcar um horário (ele se recusou) e entrevistá-lo.

Confesso que o dia da viagem encontrou-me irritadiço e agitado. Como preparar-se para encontrar alguém que, diz-se, é capaz de ler os pecados mais secretos de cada um meramente observando-o no rosto? Disseram-me que a casinha do profeta, localizada num descampado numa propriedade rural a dois quilômetros do vilarejo de Rio dos Cedros, é visitada todas as noites por cerca de meia dúzia de peregrinos que buscam iluminação. O profeta (que é, durante o dia, rizicultor) recebe-os, enxerga o pecado na face de cada um e indica individualmente a estratégia adequada de tiqqun – palavra emprestada dos judeus cabalistas medievais, e que quer dizer remissão. Cada pessoa e cada pecado requerem o seu próprio tiqqun – uma série de tarefas ou mandamentos (supõe-se, porque as orientações sobre o tiqqun são secretas: a pessoa recebe ordens de não revelar a ninguém o caminho de tiqqun indicado pelo profeta) cuja realização supostamente anula, reverte ou “cobre” os pecados cometidos.

Era sábado e uma tarde nublada. Quando cheguei o profeta estava jogando futebol no campo de terra ao lado da sua casa. Tive de esperar a partida terminar (o time do profeta, jogando sem camisa, ganhou por dois gols de diferença), e os dois times ficaram ainda conversando animadamente por mais meia hora, sentados num semi-círculo no centro do gramado. Eles riram, falaram em voz baixa e enxugaram interminavelmente rostos e pescoços com camisetas suadas, antes que o grupo finalmente se dispersasse e o profeta viesse gingando na minha direção.

Aguardei tomando chimarrão na varanda enquanto o profeta tomava uma chuveirada. Ele voltou descalço e ainda sem camisa, sentou-se e conversamos ali mesmo, enquanto a tarde caía azul e mosquitos e mariposas se arrebanhavam, elas ao redor da lâmpada acesa na cozinha e os mosquitos sobre nós.

Paulo. Desde quando o senhor é profeta?

João. Olha, você não me chame de profeta e não me chame de senhor.

Paulo. Vou tentar me lembrar.

João. Sou profeta desde sempre, creio, mas as pessoas começaram a me procurar faz três, quatro anos. As pessoas me chamam assim, mas não as que já vieram falar comigo.

Paulo. Você é cristão (não é uma pergunta). Não é doutrina cristã que não existem mais profetas hoje em dia? O último profeta não foi João Batista?

João. Ah, profeta é palavra que veste qualquer um. Cristão é outra. Mas, pra responder a sua pergunta, tecnicamente não. Havia profetas nas igrejas do Novo Testamento, enbora ninguém saiba exatamente que tipo de perfil o título fechava. João Batista foi um grande profeta, mas Jesus disse que qualquer um no reino do céu é maior do que ele. E qualquer um é muita gente.

Paulo. Todo cristão é profeta, então? Ou deveria ser?

João. Penso em “profeta” no sentido mais comum de todos: a pessoa que fala em nome de Deus. Como Deus pede a todo mundo que todos falem a verdade, basta, creio, falar a verdade. Quem fala a verdade é profeta.

Paulo. Isso inclui muita gente, talvez?

João. Tomara.

Paulo. O senhor (desculpe, você) sempre fala a verdade?

João. Procuro sempre dizer a verdade que cada momento comporta. Nem todo mundo quer a verdade, mas isso já é esperado.

Paulo. Agora, por exemplo, há alguma verdade que o senhor ainda não me disse e poderia me dizer?

João. Ah, muita coisa.

Paulo. Um exemplo.

João. Bom, uma verdade é que não gosto das perguntas técnicas que você faz. Esse tipo de conversa assim não leva a nada, e não tem relação nenhuma com a verdade.

Paulo. Você talvez me ajude a fazer as perguntas certas?

João. Você sabe.

Paulo. Você está me analisando?

João. Muito menos do que você a mim.

Paulo. Me disseram que você fala palavrão. É verdade?

João. Muitas vezes.

Paulo. O tiqqun é uma penitência?

João. Não. Não no sentido que você está perguntando, pelo menos. Pode ser doloroso, creio, mas não redime a pessoa nem a torna uma pessoa melhor.

Paulo. O senhor (desculpe de novo, você) jejua com certa freqüência mas não recomenda o jejum para os outros. Por que?

João. Cada um tem o seu próprio tiqqun.

Paulo. Os protestantes afirmam que a salvação é obtida apenas pela fé, os católicos crêem que as obras e a santidade pessoal são um mérito que assegura a salvação. De que lado você fica?

João. Muita coisa convencional no que você disse. Esse é o tipo de discussão que não leva a nada (mais chimarrão?). Deixe-me só dizer que para os protestantes a fé acaba sendo, na prática, uma forma especial de mérito. Uma forma sutil, supostamente superior, mas um mérito ainda assim. Talvez seja ainda pior, porque a fé é vista como um mérito que torna a conduta meritória desnecessária.

Paulo. Você simpatiza com os católicos, então?

João. Pá, não simpatizo com ninguém. Sou humano e não consigo simpatizar com quem tem uma conduta santa. Só os pecadores são interessantes.

Paulo. O senhor peca? Você?

João. O bastante para manter ainda algum interesse.

Paulo. Alguma pergunta importante que eu esqueci de fazer?

João. Muitas. Você na verdade não me perguntou nada e não quer aprender nada. O que não deixa de ser interessante.

Paulo. Como eu poderia aprender com você? Quais são as perguntas certas?

João. Ah, se você não sabe… Olha, fique comigo, não vá embora. Ajudamos amanhã a cobrir a casa do Vavá, almoçamos no clube de tiro, jogamos futebol. Semana que vem trabalhamos no arroz. Vá ficando. Ninguém que vem me ver precisa ir embora.

Paulo. O senhor está chateado porque não perguntei sobre o meu tiqqun?

João. Eu disse sem você perguntar.

Paulo. Ah, o senhor viu o pecado no meu rosto, então?

O profeta apenas sorriu.

Agradeci e fui embora.

filado do http://www.baciadasalmas.com/

Obs: gostei da definição moderna de profeta "creio, falar a verdade. Quem fala a verdade é profeta"

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Ortodoxia

A imaginação não gera insanidade.O que gera insanidade é exatamente a razão

Os poetas não enlouquecem;mas os jogadores de xadrez sim.

Gilbert K. Chesterton

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

China exporta Biblia

Amity, a maior produtora chinesa de Bíblias, imprimiu mais de 5 milhões de livros para as igrejas oficiais da China nos últimos dois anos e exportou outros 5 milhões em quase 75 línguas (Foto: Nir Elias/Reuters): fonte globo.com


sábado, 12 de janeiro de 2008

Gente humilde

Gente humilde
Garoto - Vinicius de Moraes - Chico Buarque/1969

Tem certos dias
Em que eu penso em minha gente
E sinto assim
Todo o meu peito se apertar
Porque parece
Que acontece de repente
Feito um desejo de eu viver
Sem me notar
Igual a como
Quando eu passo no subúrbio
Eu muito bem
Vindo de trem de algum lugar
E aí me dá
Como uma inveja dessa gente
Que vai em frente
Sem nem ter com quem contar

São casas simples
Com cadeiras na calçada
E na fachada
Escrito em cima que é um lar
Pela varanda
Flores tristes e baldias
Como a alegria
Que não tem onde encostar
E aí me dá uma tristeza
No meu peito
Feito um despeito
De eu não ter como lutar
E eu que não creio
Peço a Deus por minha gente
É gente humilde
Que vontade de chorar

Besta ao quadrado

Besta ao quadrado

Um morador de Idaho (oeste dos EUA) cortou a mão com um serrote e a cozinhou em um microondas, por acreditar que tinha "a marca da Besta", informou a polícia estadual, nesta quinta-feira.
O ajudante do xerife do condado de Kootenai, Ben Wolfinger, disse que o homem, cuja identidade não foi revelada, telefonou para o serviço de emergência no sábado para informar as autoridades que havia cortado a própria mão e estava sangrando abundantemente.
Quando o agente policial chegou à casa, o homem contou que havia amputado esse membro, porque "tinha a marca da Besta na mão".
A mão foi encontrada cozida dentro do microondas, completou Wolfinger. "Ele simplesmente sentiu que precisava cortar a mão", contou à AFP, sem saber dizer se os médicos conseguirão implantá-la.
A polícia informou ainda que o indivíduo está sendo submetido a uma avaliação mental, no centro médico de Kootenai.

fonte: AFP [via ADIBERJ]  via pavablog

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

A Ordem dos Cavaleiros Querubínicos.

A Ordem dos Cavaleiros Querubínicos.
Ricardo Gondim.

Em 1428, setenta e três homens se reuniram na rotunda da Catedral de Veneza para formarem a Ordem dos Cavaleiros Querubínicos. A “Ordem”, como depois ficou conhecida, era composta pela elite intelectual e sacerdotal de Veneza; um grupo que, há tempos, conspirava contra a igreja. A identidade dos membros permanece anônima porque todos usaram nomes fictícios e só se reuniam cobertos por um capuz grosso com três orifícios, para os olhos e nariz - nunca se viu o movimento dos lábios de ninguém.

A primeira reunião foi convocada por um manifesto secreto e por um indivíduo com o pseudônimo de Mestre Adon-Hiram. Ela aconteceu às 2.30 da madrugada do dia 27 de abril de 1428 e todos os setenta e três membros assinaram o termo de fundação, pinicando o polegar direito com uma finíssima agulha e molhando a pena no próprio sangue.

Em 2005, o jesuíta Teodoro Paschoal encontrou uma passagem secreta na rotunda da catedral e teve acesso aos documentos, cartas, atas e tratados da Ordem dos Cavaleiros Querubínicos. A alta cúria do Vaticano analisou os documentos através da Congregação para a Doutrina da Fé e considerou o material tão pernicioso para a fé cristã que mantém o acervo inacessível, na lista do Index, ou Index Librorum Prohibitorum.

Certa vez, numa entrevista ao colégio de cardeais italianos, o atual Papa mencionou a Ordem dos Cavaleiros Querubínicos como a mais poderosa força intelectual de oposição à fé da Idade Média.
Devido a esta menção, alguns estudiosos começaram uma vasta pesquisa sobre a "Ordem". Sem que se saiba como, Francesco Corleone, doutor em história pela Universidade de Roma, conseguiu cópias, e publicou, um documento redigido pela "Ordem" em 1445.
Era um esboço do Novo Testamento re-escrito pelos Cavaleiros que visava anular os ensinos de Cristo. A publicação de Corleone revela um pedaço da versão da "Ordem" para o Sermão da Montanha.

Aparentemente, eles queriam minar os conteúdos da pregação de Jesus, sugerindo que o texto que se difundiu como “palavras de Cristo” não é autêntico, mas uma versão maquiada pela igreja oficial. A "Ordem" buscava impressionar as pessoas para que percebessem Jesus como um judeu bem mais esperto e sagaz do que a igreja ensinou.

Segundo Corleone, o documento vem assinado em sangue por setenta e três homens que se identificaram por apelidos estranhos, como: Azrael, Aralim, Clifote, Flegetão e Asmodeu.

Reproduzo abaixo alguns trechos da versão da Ordem dos Cavaleiros Querubínicos para o Sermão da Montanha - considerado a Carta Magna de Jesus de Nazaré:

Vendo as multidões, Jesus subiu ao monte e se assentou. Reuniu uma pequena multidão de discípulos e ele começou a ensiná-los dizendo:

Bem-aventurados os sagazes, pois deles é o Reino dos Homens. E acrescentou, não anelem pelo Reino dos céus, a vida é aqui e agora e quem não souber se comportar como uma serpente morre mais cedo.

Bem-aventurados os que não desperdiçam lágrimas. Só os fracos choram; estes acabam fragilizados; quem souber suplantar os outros na corrida da vida será um autêntico vencedor.

Bem-aventurados os valentes, pois eles receberão a terra por herança. Não sou eu quem lhes afirmo esta verdade, ela está patente aos olhos de todos; quem se submete como um vassalo jamais herdará coisa alguma.

Bem-aventurados os que desdenham da justiça. Vivemos em um mundo em que a balança enganosa sempre prevalecerá e cada um deve proteger o que é seu e deixar que os propósitos ocultos de Deus se cumpram; tudo está escrito.

Bem aventurados os que não abrem mão de seus direitos. Aqueles que usam de misericórdia alimentam o inimigo que lhes matará no fio da espada.

Bem-aventurados os cínicos que escondem bem os seus defeitos; só eles sobrevivem na terra. Aqueles que reconhecem seus pecados, os puros de coração, viverão nos cantos do eirado.

Bem-aventurados os que pegam em armas para se defenderem. Quem não se antecipa aos seus inimigos e os mata, morrerá antes deles. Não acreditem na possibilidade da paz, ela nunca chegará; portanto guardem o direito que o Senhor lhes deu de preservarem a vida de vocês.

Bem-aventurados os que perseguem, eles têm o poder. Quem é perseguido padecerá em masmorras, e terá que responder ao ímpio: ‘Sim, Senhor’. O forte só terá que dizer, ‘Sim, Senhor’, a Deus que está no céu, que é o Todo-Poderoso. Portanto, nunca queiram estar na posição do perseguido, façam tudo para estar por cima.

Bem-aventurado o príncipe, não o profeta. Quando ouvirem falar que profetas anunciam o que vocês não gostam, tomem pedras e eliminem quem estorva a felicidade de vocês. Lembrem-se de que os reis governam até ficarem velhos e não foram poucos os profetas que morreram cedo. Deus é por vocês; ninguém pode tirar o direito dos seus filhos reinarem.

A Ordem dos Cavaleiros Querubínicos foi extinta por volta de 1899 e nunca mais se ouviu falar numa reunião deles. A sua mensagem, porém, continua sendo pregada pelos púlpitos do século XXI. Infelizmente.

Soli Deo Gloria.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Arrependimento,Reavaliação

Uma discussão que já se tornou recorrente no segmento evangélico de uns 20 anos para cá está ganhando novos contornos. Nestas duas últimas décadas, inúmeras igrejas e ministérios cristãos têm adotado métodos de crescimento baseados em programas especiais e fórmulas de otimização. Alguns deles têm critérios semelhantes aos adotados no mundo corporativo: estabelecimento de metas, definição de público-alvo e qualificação de mão-de-obra, entre outros. É a busca pela chamada “relevância”, termo dos mais amplos significados e que passou a designar, para muitos líderes, a própria razão de ser da obra de Deus. Por outro lado, aqueles que questionam a institucionalização do Corpo de Cristo argumentam que nada é mais eficaz do que o bom e antigo Evangelho pregado por Jesus, fundamentado na vida devocional e no discipulado olho no olho.

Pois agora, uma das igrejas que melhor expressam a ênfase em métodos de treinamento e discipulado, a Willow Creek Community Church (WCCC), sediada em Chicago (EUA), acaba de reconhecer, publicamente, que as coisas não saíram exatamente conforme o esperado. A WCCC, dirigida pelo pastor e conferencista Bill Hybels – um dos mais requisitados preletores cristãos da atualidade –, é a ponta-de-lança de uma organização de alcance internacional que envolve mais de 12 mil igrejas associadas, representando 90 denominações em 35 países, inclusive o Brasil. Há pouco tempo atrás, Willow Creek divulgou os resultados de um estudo qualitativo sobre seu ministério. O principal objetivo de iniciativa era saber que programas e atividades da igreja estavam realmente auxiliando pessoas a amadurecer espiritualmente e quais não atingiam essa meta. Os resultados foram publicados em um livro, Reveal: Where Are You? (“Revele: Onde você está?”), de co-autoria de Greg Hawkins, pastor executivo da Willow Creek. Hybels chamou os resultados de “estrondosos” e “inimagináveis”, entre outros termos de igual teor.

Em palestra no último Leadership Summit, em agosto – evento anual promovido pela Associação Willow Creek –, o dirigente resumiu os resultados desta maneira: “Algumas das coisas em que investimos milhões de dólares, pensando que auxiliariam as pessoas a crescer e se desenvolver espiritualmente, não estavam ajudando tanto”. Segundo ele, os estudos mostraram que outros aspectos mais convencionais da vida cristã – e que não requerem tantos recursos financeiros e humanos – são justamente “as coisas pelas quais as pessoas estão clamando”. E confessa, de forma literal e taxativa: “Nós cometemos um erro. O que deveríamos ter dito e ensinado às pessoas quando elas atravessaram a linha da fé e se tornaram cristãs é que devem tomar responsabilidade para se nutrirem. Nós deveríamos ter cuidado das pessoas, ensinado-as a ler suas Bíblias entre os cultos, bem como praticar suas disciplinas espirituais mais agressivamente, de forma individual”.

Em outras palavras, Hybels reconhece que o crescimento espiritual não acontece da melhor forma quando os crentes tornam-se dependentes de programações elaboradas pela igreja, mas através das práticas antigas como a oração, a leitura bíblica e a comunhão – ou seja, cultivando relacionamentos com o Senhor e com os irmãos. E, ironicamente, estas disciplinas básicas não requerem estruturas dispendiosas ou milhares de funcionários para administrar. Após trinta anos criando e promovendo uma organização multimilionária dirigida por programas, medindo a participação das pessoas neles e convencendo outros líderes de igrejas a fazer o mesmo, é possível entender porque Hybels chamou esta pesquisa de “o despertar” de sua vida adulta.

“Arrependimento” – Greg Hawkins reconhece que, para a instituição, a participação dos fiéis em seus programas é considerada um indicador importante: “Acreditamos que quanto mais pessoas participam destas atividades, com maior freqüência, serão produzidos mais discípulos de Cristo”, sustenta. Acontece que a pesquisa realizada entre a membresia revelou que esse envolvimento não é uma panacéia capaz, por si só, de melhorar o nível de comunhão com Deus. “O crescente nível de participação nestas atividades não prediz se alguém irá ou não se tornar discípulo de Cristo, nem se vai amar mais a Deus ou às pessoas”, constata o pastor executivo.

A repercussão de declarações como esta foi enorme nos Estados Unidos, de tal forma que o próprio Hawkins fez questão de emitir uma nova nota esclarecendo que a pesquisa não revelou apenas facetas das igrejas ligadas à WCCC: “Os resultados de Reveal foram baseados em trinta igrejas além da Willow. Em todas elas, encontramos seis segmentos de maturidade espiritual, incluindo alguns insatisfatórios”. Segundo o pastor, nem todas estas comunidades eram “filhas” da WCCC. “Pesquisamos congregações tradicionais, grandes denominações e igrejas afro-americanas, além de outras igrejas de grande representatividade numérica e geográfica. Portanto, Reveal nasceu como um projeto de pesquisa da Willow em 2004, mas seus resultados não incluem exclusivamente a WCCC.”

Hawkins fala abertamente em “arrependimento”, mas faz questão de lembrar que a Igreja Willow Creek já passou por outras correções de rumo. Para ele, a divulgação dos resultados da pesquisa é uma demonstração de que a organização está aberta para buscar o que Deus quer. “O nosso sonho é que sejam feitas mudanças fundamentais na forma como fazemos a igreja. Que possamos pegar uma folha em branco e repensar tudo aquilo que assumimos até agora”, diz. “Queremos repor com novas idéias, não apenas as informadas pelas pesquisas, mas as enraizadas nas Escrituras.” Mesmo assim, diz ele, está em andamento uma pesquisa ainda mais ampla, envolvendo 500 igrejas, sendo cem de fora dos EUA. Está prevista a participação de cinco igrejas brasileiras.

Reavaliação – “Durante muitos anos, o movimento da rede de igrejas de Willow tem sido atacado. Essa reação é algo que eles devem estar esperando”, destaca Carlito Paes, pastor sênior da Primeira Igreja Batista de São José dos Campos (SP), referindo-se às críticas que se seguiram à divulgação do estudo nos Estados Unidos. Ele é dirigente do Ministério Propósitos Brasil, ligado à Igreja Comunitária do Vale de Saddleback, na Califórnia (EUA). Assim como Hybels, o líder de Saddleback, pastor Rick Warren, notabilizou-se como gestor eclesiástico – seu livro Uma igreja com propósitos, lançado no Brasil pela Editora Vida, virou um best-seller do gênero e já foi traduzido para 20 idiomas. “Igrejas vivas estão sempre reavaliando eclesiologia, teologia, ministério, didática, estratégias e sistemas adotados para verificar o que pode ser melhorado em seu discipulado”, aponta. Sobre a constatação advinda da pesquisa, ele é taxativo: “Este é mais um degrau para subir. Os dilemas, anseios e problemas das pessoas precisam ser respondidos de forma mais efetiva, para que suas vidas sejam transformadas. Não há outro paradigma para isto senão a Bíblia Sagrada.”

Para o pastor Mário Simões, diretor da Associação Willow Creek no Brasil, a iniciativa de realizar uma pesquisa do gênero e divulgá-la ao público mostra a credibilidade da organização liderada por Bill Hybels. “Somente uma igreja séria e comprometida com Deus tem a coragem de fazer uma auto-avaliação e a humildade de admitir seus erros, compartilhando os resultados com outras igrejas que enfrentam os mesmos desafios”, destaca. Segundo ele, o ministério no Brasil não recebeu nenhuma nova orientação. “Nosso propósito não é plantar ‘igrejas Willow’ pelo Brasil ou difundir um modelo ou estrutura. A missão que temos é encorajar, equipar e inspirar igrejas a serem comunidades relevantes e influentes onde estão plantadas.” Simões lembra que o grupo atua no Brasil não apenas junto a igrejas, mas também a organizações e empresas cristãs, ministrando cursos e programas com temas voltados para liderança, relacionamentos, família, evangelismo e organização de ministérios, entre outros.

(Carlos Fernandes, com reportagem de Leadership. Tradução: Karen Bomilcar)

Fonte: Cristianismo Hoje

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Auto Engano

AQUELE que mente a si mesmo e escuta sua própria mentira chega ao ponto de não mais distinguir a verdade, nem em si, nem em torno de si; perde, portanto, o respeito de si e dos outros.
Não respeitando ninguém, deixa de amar; e para se ocupar, para se distrair, na ausência de amor, entrega-se às paixões e aos gozos grosseiros; chega à bestialidade em seus vícios, e tudo isso provém da mentira contínua a si mesmo e aos outros.
O stárets Zósima de Dostoiévski em "Os irmãos Karamázov- Ediouro, p. 55

filado do site http://www.ricardogondim.com.br/Artigos/artigos.painel.asp?tp=73