sábado, 29 de março de 2008

Onde está o milagre?


Ricardo Gondim.

Estudo no Programa de Mestrado da Universidade Metodista de São Paulo. Ao lado do edifício Capa, onde temos aula, fica a Clínica de Fisioterapia; ali, a cada instante, encostam na calçada, diferentes veículos com portadores de deficiências motoras - paralisia cerebral, paraplegia e tetraplegia. Quando chegam, não dá para evitá-los. Apesar de alguns alunos tentarem virar o rosto, nitidamente constrangidos, brilha a nobreza resiliente de mães que carregam crianças no colo; idosos, mesmo arrastando os pés, mantêm sua dignidade.

Ainda não me atrevi a entrar na clínica, mas imagino a abnegação de médicos, enfermeiras e fisioterapeutas; vejo até suor pingando e mãos agarrando cavaletes e argolas com sacrifício. Sei que lá dentro a vida segue numa toada diferente.
Aquele entra e sai de deficientes deve ter sido responsável por acabar o meu encanto com as bravatas dos milagreiros, pois já não me maravilho com testemunhos de cura que a televisão e o rádio anunciam em larga escala.
Realmente, não me intrigo com declarações de que serão curados “pela fé" todos os doentes que comparecerem "à vigília da segunda-feira" ou "à corrente dos 348" ou "à cruzada pró evangelização do mundo".

A Igreja Presbiteriana de Fortaleza foi meu berço religioso. Em meus primeiros passos, pouco falávamos em cura já que éramos "tradicionais" - uma versão light, porém fundamentalista, do evangelicalismo. Quando alguém em nossa comunidade ficava doente, repetíamos que o verdadeiro crente não se resigna, mas pede: “Seja feita a tua vontade”.

Depois que passei por uma experiência pentecostal e falei em línguas (tecnicamente chamada de glossolália), tornei-me um pentecostal de boa cepa. Compareci a muitas conferências sobre cura divina; duas, patrocinadas por Morris Cerullo - Londres e San Diego. Fui evangelista associado da Cruzada Boas Novas, do missionário Bernhard Johnson. Interpretei o Jimmy Swaggart em sua turnê pelo Brasil – Morumbi e Maracanã - Swaggart cria e falava em milagre, embora não fosse propriamente um pregador de cura.

Portanto, não sou neófito ou incrédulo no que tange o transcendente. Sei todos os versículos, todos os raciocínios, que fundamentam a lógica de buscar-se uma solução sobrenatural para as enfermidades. Ninguém precisa converter-me a esse pacote. Sei citar Isaías 53, Marcos 16, 1Coríntios 12 e tantos outros textos.

Acontece que a dor do mundo me alcançou na calçada de uma clínica de fisioterapia; ali se escancarou a angústia de milhões de mães e o meu coração se fechou para as antigas lógicas milagreiras.

Mesmo quando me sinto inclinado a acreditar nos pregadores de cura divina, sou lembrado que multidões de meninos e meninas morrerão de HIV/Aids em países como Congo, África do Sul, Moçambique e Angola. Quando sou tentado a ser condescendente com os Cerullos, os Benny Hinns e os R. R. Soares da vida, com as suas interpretações literais da Bíblia, lembro-me do mal estar que muitos doentes podem estar sentido naquele exato momento como consequência de uma quimioterapia.
Quando ouço promessas de milagre a granel, pergunto: - Quem vai ajudar a adolescente que não tem namorado porque nasceu com uma doença genética que lhe desfigurou?

Minha questão é: os religiosos deveriam querer lidar com um mundo real, que precisa de grandes intervenções, não de panacéias. Um ministro do evangelho não tem o direito de pregar que, “em tese”, todos serão curados e depois dar de ombros para os que não receberam a bênção dizendo que faltou fé.

O verdadeiro cristão deve buscar intervenções divinas onde o sofrimento se mostrar mais agudo. Eu me disponho a ajudar qualquer evangelista que tenha peito para dar plantão na calçada da Universidade Metodista. Vou buscá-lo e prometo interceder ao seu lado. Sinceramente desejo que os mais seqüelados voltem para casa pulando de alegria.

Sei de antemão que ninguém virá. A maioria está interessada em propagandear prodígios com o intuito de prosperar seus empreendimentos religiosos. Caso acreditassem nas interpretações que fazem da Bíblia, se ajoelhariam nos corredores das clínicas de câncer infantil, nas hemodiálises e na infectologia dos grandes hospitais.

Precisamos de outras respostas para o sofrimento humano; os pressupostos desses evangélicos, que anunciam cura com tanto estardalhaço, não abarcam a complexidade do sofrimento universal.

Proponho que os prodígios do Evangelho sejam outros; que a presença de Deus se revele no serviço, no amor solidário e na compaixão. Que as mãos e os pés de Deus sejam as mãos e os pés dos que não fogem da dor alheia. Não conheço os profissionais que se dedicam naquela clínica de fisioterapia; tenho certeza, porém, que todos encarnam a possibilidade de um milagre.

Ricardo Gondim em http://www.ricardogondim.com.br

Soli Deo Gloria.

Concordo com o texto, principalmente quando se refere aos milagreiros sem noção

Mas creio e sei que o Pr Ricardo também crê que Deus é soberano e pode fazer milagres

por quê Ele Vive

Em nome de Jesus

O drama da narrativa bíblica reflete, em muitos sentidos, um árduo esforço divino para eliminar da mente humana o conceito de magia: a noção de que, através de fórmulas mágicas ou procedimentos estabelecidos, Deus ou o universo podem ser manipulados para atingirmos o objetivo que temos em mente.

Desde a primeira página, um dos traços mais distintivos do Deus das Escrituras é que ele não faz barganhas. Não há ritual ou palavra mágica que possa torcer o seu braço a fazer o que queremos. Se Deus concede o que homens lhe pedem é reflexo da sua magnanimidade e da intimidade de relacionamento que ele propõe, jamais da habilidade humana em manipulá-lo.

Essa obsessão divina em apagar da experiência humana a idéia da magia explica muito nas filigranas dos mandamentos e da Lei de Moisés. Israel não deve ter “outros deuses além de mim”, entre outras coisas, porque os deuses dos outros povos são entidades manipuláveis – aceitam suborno, dobram-se diante do ritual certo, vendem-se por um sacrifício, negociam, especulam e cedem a barganhas. Deus sabe que não é assim que o seu universo funciona, e não quer que seu povo adote essa visão distorcida do mundo. Pela mesma razão ele deita rigorosas proibições contra feitiçaria, amuletos e toda espécie de adivinhação.

Os cristãos reincidem constantemente na magia.

O próprio regime de sacrifícios não pressupõe qualquer controle mágico do mundo; as prescrições deixam muito claro que trata-se de provisão graciosa para a purificação dos pecados, e não de instrumento de manipulação. Deus faz alianças e assina contratos que beneficiam outros além de si mesmo, mas não distribui senhas ou abracadabras. No mundo dele você pode pedir, mas não pode obter o que quer por mágica, isto é, pela força e pela argúcia.

O que o Primeiro Testamento elucida o Novo escancara: Jesus passeia pelo mundo demolindo a noção essencialmente mágica de favor prestado e retribuição. Deus – explica o Filho do Homem – não distingue méritos e não rebaixa-se a troca de favores, mas “faz que o seu sol se levante sobre maus e bons”. Seus filhos não devem recorrer a repetitivas fórmulas mágicas em suas orações, “porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes”. Não é o pecado nem o bom comportamento que explicam as desgraças ou as felicidades, porque o mundo não funciona pela lógica simplista e retributiva da magia (”Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem padecido estas coisas?”).

O universo – Jesus explica – funciona pela lógica singular da graça, não pela lógica humana da magia e da retribuição. Esta é, essencialmente, a natureza da boa nova do reino: Deus não pode ser manipulado a fazer o bem que já está disposto a fazer em primeiro lugar.

Porém a magia tem um brilho sedutor, e os cristãos resvalam periodicamente nela: recorremos cheios de esperança a óleos milagrosos, profetas curandeiros, caixinhas oraculares de versículos, bibliomancia, quarentenas de oração e copos d’água. Mesmo a obsessão cristã com o domingo é essencialmente mágica, quando o Apóstolo alerta a não cairmos na velha armadilha de “dias de festa, ou lua nova, ou sábados”, coisas que “têm aparência de sabedoria e de rigor ascético (…), mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne”.

O emblema final e mais eloqüente da capitulação cristã a uma visão mágica do mundo talvez esteja no abuso, popular à náusea entre evangélicos e pentecostais, da expressão “em [o] nome de Jesus”. Orar e pedir “em nome de Jesus”, conforme prescrito no Novo Testamento, era provavelmente para ser entendido como se lê; seria orar “como Jesus oraria”, ou pedir “imbuído do espírito de Jesus”. Com o tempo, o enfoque migrou do espírito para a letra; transferiu-se da pessoa e da postura de Jesus para as palavras, imbuídas supostamente de autoridade e poderes sobrenaturais (de forma semelhante ao Shem Hamphoras da tradição judaica medieval). O conteúdo reduziu-se a fórmula, abracadabra que abre – esperamos – todas as portas.

Por Paulo Brabo

[http://www.baciadasalmas.com]

Eu estou aqui



Mateus 28:20) - Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.

Não aguento mais esse não aguento mais

O refrão do "não agüento mais" cresce a cada dia. Pessoalmente abandonei o coral. Explico. Durante muito tempo acompanhei a caravana do reformismo. Hoje essa conversa me entedia e me aborrece. Primeiro porque não acredito mais em reformas, apenas em revoluções. Mas principalmente porque não mais acredito nisso que apontam como objeto de reforma.
A expressão "igreja evangélica brasileira" está fora do meu vocabulário. Não apenas porque inexata -- não existe a igreja evangélica brasileira, existem milhares de igrejas evangélicas no Brasil, mas também porque tomar a parte pelo todo é um equívoco.
O que não se agüenta mais é uma das faces da chamada igreja evangélica brasileira. Essa face da igreja evangélica brasileira (que, insisto, existe apenas como categoria sociológica) é absolutamente exógena, um corpo estranho, ao núcleo doutrinário e comunitário do que se chamou igreja evangélica brasileira.
Em outras palavras, o que não se agüenta mais na igreja evangélica brasileira não tem nada a ver com qualquer coisa que se possa associar ao termo igreja evangélica, sendo na verdade uma nova versão religiosa do Cristianismo. O Cristianismo, considerado nas categorias das ciências da religião, é uma religião, com muitas expressões condicionadas histórica, social e culturalmente, dentre elas o Catolicismo romano e Protestantismo reformado.
O que se convencionou chamar de igreja evangélica é o segmento do Cristianismo associado ao Protestantismo reformado. Nesse segmento surgiu um novo fenômeno tido como evangélico, mas que aos poucos começou a ser alvo dessas centenas de "não agüento mais". O que percebo é que esse segmento alvejado pelo "não agüento mais" não é um segmento do Protestantismo reformado e, portanto, conforme historicamente consensado no movimento evangélico brasileiro, não deveria estar associado ao nome "igreja evangélica".
Em outras palavras, no meu caso, dizer que não agüento mais isso equivale a dizer que não agüento mais o espiritismo kardecista ou o fundamentalismo islâmico. A respeito desse tal segmento da chamada igreja evangélica que inspira os "não agüento mais" eu não digo mais "não agüento mais".
Digo que é coisa que não tem nada a ver com a identidade evangélica e que, portanto, não é alvo do meu "não agüento mais", até porque nunca jamais agüentei. Escrever mais um artigo não agüentando mais isso é o mesmo que subscrever um artigo identificando as incoerências e inconsistências dos cultos afro e dizer "não agüento mais".
Ed René Kivitz

sexta-feira, 28 de março de 2008

Porta do Livramento

“Passo pela vida como um transeunte a caminho da eternidade, feito à imagem de Deus mas com essa imagem aviltada, necessitando de que se lhe ensine a meditar, adorar, pensar.” - Donald Coggan, Arcebispo de Cantuária

Retirado do livro celebração da disciplina de Richard J. Fortes

quinta-feira, 27 de março de 2008

Lula sai em defesa de "Severino Mensalinho"

 

Lula ultrapassou, ontem, no Recife, todos os limites da irresponsabilidade durante cerimônia de assinatura de ordem de serviço para a construção de obras financiadas pelo Programa de Aceleração do Crescimento.

Ao elogiar o ex-presidente da Câmara dos Deputados Severino Cavalcanti (PP),  sugeriu que ele perdeu o cargo e foi obrigado a renunciar ao mandato por pressão das "elites paulistas e paranaenses".

De fato, Severino renunciou ao cargo e ao mandato porque se provou que fora subornado por Sebastião Buani, concessionário de um dos restaurantes da Câmara.

De Buani, Severino recebeu cheques mensais para permitir que o restaurante dele seguisse funcionando. Rastreou-se um cheque de R$ 10 mil que foi parar na conta de Severino.

- Eu continuo tendo o mesmo respeito, hoje, que eu tinha por você há muito tempo porque a relação humana não é feita apenas do momento - disse Lula. “A relação humana é feita de forma mais sadia.”

Antes, havia dito, apontando na direção do seu correligionário:

- Estou vendo ali um homem que foi presidente da Câmara. Ele foi eleito porque nossa oposição queria derrotar o governo, achando que o Severino ia ser contra o governo. Elegeram o Severino, mas não levou muito tempo para eles perceberam que o Severino não era oposição.

Não, não era mesmo. Era um dos mais fisiológicos deputados. Era conhecido como o Rei do Baixo Clero. Cobrou caro pelo apoio que deu ao governo. Indicou o ministro das Cidades. Recebeu outras benesses.

Severino renunciou ao mandato para não ser cassado. Tentou se reeleger deputado federal. Faltaram-lhe votos para isso. Quis emplacar um dos seus afilhados como secretário do governador Eduardo Campos (PSB). Não conseguiu. Tornou-se uma figura desprezível da qual costuma fugir a maioria dos políticos.

Até que... Até que Lula lhe deu a mão.

Que exemplo o presidente da República imagina que oferece ao distinto público ao se referir da maneira como o fez a um político acusado de corrupção?

Como pode dizer que continua respeitando Severino depois de saber que ele recebia propina?

Como pode cobrar respeito a quem quer que seja se desrespeita a todos dessa forma?

O PT fez Caixa 2 porque todo partido faz, admitiu Lula em 2005 no auge do escândalo do mensalão.

Os R$ 20 mil do publicitário Marcos Valério, embolsados pelo deputado Professor Luizinho (PT-SP), não passaram de "uma merreca", observou Lula ao sair em defesa do seu companheiro.

Vai ver que para Lula o comportamento de Severino não foi de todo reprovável. Vai ver que é por isso que o compreende, o estima e o exalta.

Definitivamente, a herança maldita do período Lula será a banalização dos maus costumes no trato da coisa pública.

Ricardo Noblat em seu blog

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

segunda-feira, 24 de março de 2008

OS DOMINGOS PRECISAM DE FERIADOS


  Toda sexta-feira à noite começa o shabat para a tradição judaica.
Shabat é o conceito que propõe descanso ao final do ciclo semanal de
produção, inspirado no descanso divino, no sétimo dia da Criação.
  Muito além de uma proposta trabalhista, entendemos a pausa como
fundamental para a saúde de tudo o que é vivo.
  A noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é pausa. Onde não
há pausa, a vida lentamente se extingue.
  Para um mundo no qual funcionar 24 horas por dia parece não ser
suficiente, onde o meio ambiente e a terra imploram por uma folga, onde nós
mesmos não suportamos mais a falta de tempo, descansar se torna uma
necessidade do planeta.
  Hoje, o tempo de 'pausa' é preenchido por diversão e alienação. Lazer
não é feito de descanso, mas de ocupações 'para não nos ocuparmos'. A
própria palavra entretenimento indica o desejo de não parar. E a
incapacidade de parar é uma forma de depressão.
  O mundo está deprimido e a indústria do entretenimento cresce nessas
condições. Nossas cidades se parecem cada vez mais com a Disneylândia.
Longas filas para aproveitar experiências pouco interativas. Fim de dia
com gosto de vazio. Um divertido que não é nem bom nem ruim. Dia
pronto para ser esquecido, não fossem as fotos e a memória de uma
expectativa frustrada que ninguém revela para não dar o gostinho ao próximo..
  Entramos no milênio num mundo que é um grande shopping. A Internet e
a televisão não dormem. Não há mais insônia solitária; solitário é quem
dorme. As bolsas do Ocidente e do Oriente se revezam fazendo do ganhar
e perder, das informações e dos rumores, atividade incessante. A CNN
inventou um tempo linear que só pode parar no fim.
  Mas as paradas estão por toda a caminhada e por todo o processo. Sem
acostamento, a vida parece fluir mais rápida e eficiente, mas ao custo
fóbico de uma paisagem que passa. O futuro é tão rápido que se confunde
com o presente. As montanhas estão com olheiras, os rios precisam de
um bom banho, as cidades de uma cochilada, o mar de umas férias, o
domingo de um feriado...
  Nossos namorados querem 'ficar', trocando o 'ser' pelo 'estar'.
Saímos da escravidão do século XIX para o leasing do século XXI - um dia
seremos nossos?
  Quem tem tempo não é sério, quem não tem tempo é importante. Nunca
fizemos tanto e realizamos tão pouco. Nunca tantos fizeram tanto por tão
poucos...
  Parar não é interromper. Muitas vezes continuar é que é uma
interrupção.
  O dia de não trabalhar não é o dia de se distrair - literalmente,
ficar desatento. É um dia de atenção, de ser atencioso consigo e com sua
vida. A pergunta que as pessoas se fazem no descanso é 'o que vamos
fazer hoje?' - já marcada pela ansiedade. E sonhamos com uma longevidade de
120 anos, quando não sabemos o que fazer numa tarde de Domingo.
  Quem ganha tempo, por definição, perde. Quem mata tempo, fere-se
mortalmente. É este o grande 'radical livre' que envelhece nossa alegria -
o sonho de fazer do tempo uma mercadoria.
  Em tempos de novo milênio, vamos resgatar coisas que são milenares. A
pausa é que traz a surpresa e não o que vem depois. A pausa é que dá
sentido à caminhada. A prática espiritual deste milênio será viver as
pausas. Não haverá maior sábio do que aquele que souber quando algo
terminou e quando algo vai começar.
  Afinal, por que o Criador descansou? Talvez porque, mais difícil do
que iniciar um processo do nada, seja dá-lo como concluído.
  Texto do Rabino Nilton Bonder,
  da Congregação Judaica enviado pela Anne Mary

domingo, 23 de março de 2008

Histórias bíblicas ganham versão em mangá, com ação e humor



MARCO AURÉLIO CANÔNICO
da Folha de S.Paulo

O personagem é um clássico: o forasteiro misterioso, calado e sombrio, que chega para libertar a cidade do domínio dos poderosos e corruptos do lugar.

Divulgação

Bíblia mangá de Siku traz do Gênesis ao Apocalipse, incluindo até um Jesus samurai
Tal qual o pistoleiro de um faroeste de Sergio Leone ou um samurai de Akira Kurosawa, este é Jesus Cristo em versão ninja, como retratado numa adaptação da Bíblia em quadrinhos, no popular formato de mangá.

"The Manga Bible: from Genesis to Revelations" (a Bíblia Mangá: do Gênesis ao Apocalipse), criada pelo inglês Ajinbayo Akinsiku, 42, foi lançada no Reino Unido e nos EUA e captura as histórias do livro com reverência, mas com humor e muita ação.

"Você pode usar o gênero para contar a história como quiser", diz Siku, como o artista é conhecido, em entrevista à Folha, por telefone, de Londres.

"Decidimos fazer algo nunca feito antes, apresentar Jesus como um estranho sombrio, que entra em uma cidade que tem sido molestada e corrompida por gângsters e a liberta, algo como "Três Homens em Conflito" [de Leone], "Os Sete Samurais" [de Kurosawa], a figura do solitário que ninguém compreende."

Para cobrir tanto o Novo quanto o Velho Testamento, Siku precisou editar e condensar os livros (fez versões de vários tamanhos) e, bem de acordo com o gênero mangá, deixou de fora as partes com menos ação, como o Sermão da Montanha.

"Houve uma dificuldade conceitual, discutimos se nos preocuparíamos mais com o cristianismo, com a teologia ou com a narrativa de quadrinhos. Fui muito cuidadoso para manter a intenção do texto original, mas o deixei mais moderno, ágil."

Assim, sua Bíblia mangá tem heróis que parecem (e soam como) skatistas em versão beduína, Abraão fugindo de uma explosão a cavalo para salvar Lot, e Og, rei de Basã (do Velho Testamento), parecendo um Darth Vader histórico.

Teólogo e ministro

Novato no gênero mangá, Siku é veterano em quadrinhos e em religião: ele freqüenta uma igreja anglicana, é formado em teologia e pretende se tornar ministro de sua religião.

O projeto de transformar os textos bíblicos em quadrinhos é antigo -ele queria fazer uma versão do Apocalipse, em estilo ocidental-, mas o impulso veio com a explosão dos quadrinhos japoneses na Europa e nos EUA, o que levou o projeto ao seu formato atual e ao sucesso de vendas: 50 mil cópias só no Reino Unido, liderando as listas do gênero mangá (No Brasil, ainda não há previsão de lançamento, mas o livro pode ser adquirido por lojas virtuais como a www.amazon.com por US$ 10,36, ou cerca de R$ 17, mais a taxa de frete).

Tendo como público-alvo jovens consumidores de HQ e religiosos, Siku maneirou na hora de retratar algumas passagens mais polêmicas.

"Trabalhei na "2000 AD" [HQ britânica de ficção científica], então lidar com sexo e violência não é problema para mim. Mas, como boa parte do nosso público é mais sensível a isso, contive um pouco esse lado. Só não dá para retirar tudo; o Velho Testamento, por exemplo, é um livro muito violento."

"Transformers"

Se a "Manga Bible" de Siku foi, como informa sua editora, a primeira do gênero em inglês, ela parece ter despertado uma tendência: pouco depois de seu lançamento, foi anunciado um projeto semelhante (este, norte-americano) chamado "Mecha Manga Bible Heroes".

A intenção da obra (que será lançada em junho no exterior) é levar as histórias bíblicas para um inusual cenário futurista, transformando personagens em super-heróis -o primeiro é o mítico Davi, que bateu Golias.
"A idéia surgiu com o filme "Transformers'", disse à Folha Paul Castiglia, o editor da obra. "Pensei em algo com robôs, e Davi e Golias era uma escolha óbvia, por causa do gigante."
filado http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u380700.shtml

sábado, 22 de março de 2008

A descida da cruz



“A descida da cruz” (1435) foi pintada por encomenda de um grêmio de artesãos de Lovaina. A obra expõe a dor de seus personagens, estampada não só na expressão facial como na postura dos corpos. A pintura evidencia a síncope - perda temporária da consciência e da postura por diminuição da perfusão cerebral - de Maria, mãe de Jesus. Ela encontra-se caída ao solo e com a face pálida.

O equilíbrio da composição e o intenso dramatismo das figuras são características marcantes da produção de Rogier van der Weyden (1400-1464), um dos mais notáveis e importantes pintores góticos flamengos. Seus quadros são hoje disputados pelos melhores museus e colecionadores de todo o mundo.

(Com colaboração de Catharina Mafra)via blog do noblat

Feliz Páscoa

 

A festa da Páscoa, ou Pesach, celebra o êxodo do povo hebreu do Egito sob a liderança de Moisés, apos 420 anos de escravidão. Juntamente com o Shavu`ot e o Sukkoté uma das três festas de peregrinação quando os judeus deveriam comparecer a Jerusalém. Para os cristãos, a Páscoa celebra a ressurreição de Jesus.
A Páscoa cristã é, portanto, a celebração de uma vitória única, porém com duas dimensões. A vitória de Jesus sobre a morte convida a todos a celebrar a vida e a liberdade, duas faces de uma mesma realidade, sendo que uma não existe sem a outra. A morte escraviza pelo medo. Mas Jesus liberta para a vida: “... como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão” (Hebreus 2.14,15). Quem teme a morte, teme a vida. Quem tem medo de morrer, tem medo de viver. Por esta razão o futuro é ameaçador e são assustadoras as contingências da existência. Há uma razão para temer o futuro: a morte espreita por trás do calendário. Mas quem já não teme a morte é livre para se entregar à vida, empreender para construir o futuro, apesar de sua condição contingente.
Bem disse o pregador: “Quando o selo do absoluto romano foi rompido no domingo da ressurreição, ficou definitivamente decretado que estava vencida não apenas a morte, mas também todos os agentes promotores e mantenedores da morte, mediante a erupção da vida”. Na sexta-feira da paixão o inferno fez festa e alardeou a vitória da morte sobre a vida. No domingo da ressurreição o inferno fez luto, e recebeu sobre si o manto da desonra, do escárnio e da vergonha eterna: a vida saltou de entre os trapos perfumados no túmulo ao lado do Calvário e adentrou o mundo pelas portas de um jardim. A vida venceu a morte. A vida venceu o medo. A vida rompeu os grilhões outrora sustentados pelo poder da morte. Vida e liberdade se encontram para um abraço eterno: “quando o Filho do Homem libertar você, então, e somente então, você será verdadeiramente livre” (João 8.36), terá “passado da morte para a vida”, num caminho sem volta, até chegar aquele dia quando a morte terá perdido de vez seu poder de ferir e matar (1Coríntios 15.54,55).
O simbolismo da Páscoa cristã aponta para a possibilidade de um novo começo, para uma nova vida, não mais cativa das limitações impostas pelo mal e pela maldade. Uma nova vida não mais determinada pelo diabo e seus asseclas profetas e atores da morte. Uma vida livre das ameaças da morte e, por isso, plena em amor, bondade, solidariedade, justiça e paz. Celebrar a Páscoa é desfrutar da ressurreição, celebrar a vida, anunciar a liberdade e assumir o compromisso de promover vida e libertação. Isso sim é uma Feliz

Ed René

http://www.galilea.com.br/

quinta-feira, 20 de março de 2008

Jesus ama as prostitutas

Qual seria a sua reação se uma prostituta entrasse na sua igreja?

sábado, 15 de março de 2008

Os americanos não são estúpidos

Certa vez houvi que os americanos só funcionam com manual, este video mostra um pouco disso

terça-feira, 11 de março de 2008

segunda-feira, 10 de março de 2008

Meninos de Rua - Oscar Antunes

Meninos de rua,
Meninos na rua,
Infância sem esperança,
Realidade crua.
Pobres meninos,
Pedintes a penar,
Escravos a pairar.
Sem casa e sem escola,
Vivem de esmola.
São ágeis, espertos,
Despertos cedo,
Cheiram, furtam,
Viram-se e à margem,
Na marginalidade,
Continuam infantis.
Sem expectativas sobrevivem,
Essas pequenas vítimas
Do planejamento familiar.
Sem programa de educação,
Vivem n´um mundo cão,
E raivosos vão à forra,
Quando crescidos,
Querem se vingar.
Matam por prazer,
Matam pra comer,
Matam pra se sustentar,
Matam pra grife usar.
Pobres meninos de outrora,
Rapazes de agora,
Cadáveres da hora.

Oscar Antunes Pimentel Dantas, nasceu em Salvador / Ba., agosto 1954 é sergipano por opção desde 1975. Filho de Fernando Brandão Dantas e Dinorá Pimentel Dantas, é casado com Ana Cristina Torres Dantas, Pai de Fernanda e Igor. Formado em Administração e Jornalismo, e é Oficial R/2 do EB. Trabalha na Petrobras desde 1982. É leitor do blog. Tem um livro de poesias que aguarda uma editora interessada em publicá-lo. Se alguém quiser o email dele, é só entrar em contato com o blog. O poema acima foi uma sugestão da leitora Rafaela Mesquita.

filado do blogdonoblat.com

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

domingo, 9 de março de 2008

Mentalidade Cristã l



Sem a transcendência a pessoa encolhe. T.S.Elliot

Homem nagem a Mulher



Em especial a minha amada, virtuosa, minha esposa querida

sexta-feira, 7 de março de 2008

A NOITE

Um grupo de nós está diante das ruinas que os Alemães tentaram (sem sucesso) apagar, para esconder evidências que seis milhões de Judeus foram fuzilados, postos em câmaras de gás e incinerados em tais locais, somente pelo fato de serem Judeus. Eu penso: se o Gólgota revelou o senso de abandono de Deus de um Judeu, Birkenau multiplica essa angústia pelo menos três milhões e meio de vezes. Para o resto de minha vida, este crematório representará o caso mais poderoso contra Deus, o local onde alguém poderia - com justiça - denunciar, negar, ou (pior ainda) ignorar Deus, o Deus que ficou calado. Qual o sentido de palavras num momento como este? Tantos clamaram a Deus aqui neste lugar e não foram ouvidos. O silêncio humano hoje é a única resposta apropriada ao silêncio divino de ontém. Ficamos em silêncio. Nosso silêncio é ensurdecedor. E então surge - primeiro dos lábios de um homem, Elie Wiesel (no campo onde trinta e cinco anos atrás sua vida, sua família e sua fé foram destruídas), e então em um côro crescente de outros, a maioria Judeus, a grande afirmação: Shema Yisroel, Adonai Elohenu, Adonai Echod. Ouça, Ó Israel, o Senhor nosso Deus, o Senhor é o Único Deus.No lugar onde o nome de Deus poderia ter sido agonizantemente negado, o nome de Deus é agonizantemente afirmado - por aqueles que tinham mais razões para negá-lo. Eu estremeço de tensão entre meu impulso de negar e a decisão deles de afirmar. Porque eu estive em Birkenau, é agora impossível para mim afirmar Deus do modo como eu fazia antes. Porque eu estive em Birkenau com eles, é agora possível para mim afirmar Deus de modos como eu nunca o fiz antes.(Elie Weisel: Messenger to All Humanity por Robert McAfee Brown, páginas 189-190)

É relativamente fácil afirmar Deus quando tudo está bem, o céu está azul, o sol brilhando, as flores dando um colorido especial à nossa volta. Mas a fé verdadeira nos convoca a afirmar Deus, mesmo quando todas as evidências ao nosso redor clamarem o contrário.

Relato de Elie Wiesel
Elie Wiesel tinha apenas quinze anos quando foi levado para os campos de concentração. Judeu devoto, ele viu sua fé em Deus morrer aos poucos, à medida que via seus compatriotas virarem fumaça nas chaminés dos crematórios. Quando terminei de ler o livro, lembrei-me da história verdadeira narrada por Robert McAFee Brown, sobre a experiência que ele teve junto com Elie Wiesel em um dos crematórios de Birkenau, o campo de morte de Auschwitz, num dia cinzento e triste do verão de 1979:

Sandro, 05/03/2008 | Sandro Baggio
filado da Igrejaemergente.com.br

When love comes to town

quinta-feira, 6 de março de 2008

Nossa semelhança com Deus começa em casa




“ Dia luminoso e esplêndido, sol brilhante, brisa que deixa reluzentes todas as folhas e o alto capim marrom. Canto do vento nos cedros. Dia exultante no qual até uma poça no chiqueiro brilha como prata preciosa.

Por fim estou chegando à conclusão de que minha mais elevada ambição é ser o que já sou. Que jamais cumprirei minha obrigação para me superar, a não ser se primeiro me aceitar e, se eu me aceitar plenamente da maneira certa, já terei me superado. Isto porque é o eu não aceito que me atrapalha e continuará a me atrapalhar enquanto não for aceito. Quando ele tiver sido aceito, terei meu próprio degrau para o que está acima de mim. Porque foi assim que o ser humano foi feito por Deus. O pecado original foi o esforço de se superar sendo ‘como Deus’ – isto é, diferente de si mesmo. Mas a nossa semelhança com Deus começa em casa. Primeiro temos de tornar-nos como somos e parar de viver ‘ao lado de nós mesmos’.”

Search for Solitude — Journals, Volume 3, de Thomas Merton
Editado por Lawrence S. Cunningham
(HarperSanFrancisco, San Francisco), 1996, p. 220-221

Esta Geração

Como podem nossas igrejas inspirar as novas gerações a viver um novo estilo de vida, como discípulos, a cada semana?

Enquanto as gerações acima saem de cena e as alianças que elas forjaram perdem força, quem ira ajudar na catalização de novos movimentos e
alianças?


Brian McLaren
filado do Volney Faustini

domingo, 2 de março de 2008

"O Bom Samaritano" ou "O Bom Travesti"

 

E perguntaram a Jesus: "Quem é o meu próximo?" E ele lhes contou a seguinte parábola:
Voltava para sua casa, de madrugada, caminhando por uma rua escura, um garçom que trabalhara até tarde num restaurante. Ia cansado e triste. A vida de garçom é muito dura, trabalha-se muito e ganha-se pouco. Naquela mesma rua dois assaltantes estavam de tocaia, à espera de uma vítima.
Vendo o homem assim tão indefeso saltaram sobre ele com armas na mão e disseram: "Vá passando a carteira". O garçom não resistiu. Deu-lhes a carteira. Mas o dinheiro era pouco e por isso, por ter tão pouco dinheiro na carteira, os assaltantes o espancaram brutalmente, deixando-o desacordado no chão.
Às primeiras horas da manhã passava por aquela mesma rua um padre no seu carro, a caminho da igreja onde celebraria a missa. Vendo aquele homem caído, ele se compadeceu, parou o caro, foi até ele e o consolou com palavras religiosas: "Meu irmão, é assim mesmo. Esse mundo é um vale de lágrimas. Mas console-se: Jesus Cristo sofreu mais que você." Ditas estas palavras ele o benzeu com o sinal da cruz e fez-lhe um gesto sacerdotal de absolvição de pecados: "Ego te absolvo..." Levantou-se então, voltou para o carro e guiou para a missa, feliz por ter consolado aquele homem com as palavras da religião.
Passados alguns minutos, passava por aquela mesma rua um pastor evangélico, a caminho da sua igreja, onde iria dirigir uma reunião de oração matutina. Vendo o homem caído, que nesse momento se mexia e gemia, parou o seu carro, desceu, foi até ele e lhe perguntou, baixinho: "Você já tem Cristo no seu coração? Isso que lhe aconteceu foi enviado por Deus! Tudo o que acontece é pela vontade de Deus! Você não vai à igreja. Pois, por meio dessa provação, Deus o está chamando ao arrependimento. Sem Cristo no coração sua alma irá para o inferno. Arrependa-se dos seus pecados. Aceite Cristo como seu salvador e seus problemas serão resolvidos!" O homem gemeu mais uma vez e o pastor interpretou o seu gemido como a aceitação do Cristo no coração. Disse, então, "aleluia!" e voltou para o carro feliz por Deus lhe ter permitido salvar mais uma alma.
Uma hora depois passava por aquela rua um líder espírita que, vendo o homem caído, aproximou-se dele e lhe disse: "Isso que lhe aconteceu não aconteceu por acidente. Nada acontece por acidente. A vida humana é regida pela lei do karma: as dívidas que se contraem numa encarnação têm de ser pagas na outra. Você está pagando por algo que você fez numa encarnação passada. Pode ser, mesmo, que você tenha feito a alguém aquilo que os ladrões lhe fizeram.
Mas agora sua dívida está paga. Seja, portanto, agradecido aos ladrões: eles lhe fizeram um bem. Seu espírito está agora livre dessa dívida e você poderá continuar a evoluir." Colocou suas mãos na cabeça do ferido, deu-lhe um passe, levantou-se, voltou para o carro, maravilhado da justiça da lei do karma.
O sol já ia alto quanto por ali passou um travesti, cabelo louro, brincos nas orelhas, pulseiras nos braços, boca pintada de batom. Vendo o homem caído, parou sua motocicleta, foi até ele e sem dizer uma única palavra tomou-o nos seus braços, colocou-o na motocicleta e o levou para o pronto socorro de um hospital, entregando-o aos cuidados médicos. E enquanto os médicos e enfermeiras estavam distraídos, tirou do seu próprio bolso todo o dinheiro que tinha e o colocou no bolso do homem ferido.
Terminada a estória, Jesus se voltou para seus ouvintes. Eles o olhavam com ódio. Jesus os olhou com amor e lhes perguntou: "Quem foi o próximo do homem ferido?"
Rubem Alves