segunda-feira, 30 de junho de 2008

Se não há silêncio, não há religião

“ Se não há silêncio para além e dentro de palavras de doutrina, não há religião, apenas ideologia religiosa. Isto porque a religião vai além das palavras e ações, e atinge a verdade última no silêncio. Quando falta esse silêncio, onde existem apenas as ‘muitas palavras’ e não A Palavra há muito alvoroço e atividade, mas nenhuma paz, nenhum pensamento profundo, nenhuma compreensão, nenhuma quietude interior. Quando não há paz, não há luz. A mente hiperativa tem a impressão de ser desperta e produtiva, mas isto é um sonho. Apenas no silêncio e na solidão, na quietude da adoração, na reverente paz da oração, a adoração na qual todo o ego silencia e se humilha na presença do Deus Invisível, só nessas ‘atividades’ que são ‘não-ações’ o espírito realmente desperta do sonho de uma existência dividida e confusa.”

Honorable Reader: Reflections on My Work, de Thomas Merton
Editado por Robert E. Daggy
(Crossroad, Nova York) 1989, p. 115

Fonte; reflexões de Thomas Merton

Crente celular

segunda-feira, 23 de junho de 2008


Dizem que tudo na vida tem um preço.

Mas o ditado não se aplica a Edith Edith Macefield Ballard, a mulher que fez admiradores por todo o todo o mundo, quando teimosamente rejeitou proposta de US $ 1 milhão para vender sua casa para um centro comercial em Seattle - EUA.

Edith morreu no domigno passado, de câncer de pâncreas, aos 86 anos.

Ela continuou vivendo na pequena e velha casa, mesmo após as grossas paredes de concreto subirem ao seu redor quase batendo na porta de sua cozinha.

Ao morrer Edith não deixou herdeiros e ninguém sabe exatamente o que vai acontecer com a velha casa de dois quartos construída em 1900.

fonte http://www.diariodeumjuiz.com/

quinta-feira, 19 de junho de 2008

O silêncio do mundo e o nosso barulho

Um pensamento para reflexão: “Não é o falar que rompe nosso silêncio, mas a ansiedade de ser ouvido. As palavras do orgulhoso impõem silêncio aos demais, de maneira que só ele possa ser ouvido. O humilde nada pede senão uma esmola; depois, espera e escuta.”
Na liberdade da solidão, Thomas Merton
Via Reflexões de Thomas Merton

quarta-feira, 18 de junho de 2008

A heroína encontrada no lixo

Neguinha batalhou para transformar um lixão e venceu a guerra contra o descaso
de moradores

Solteira, mães de quatro filhos, migrante nordestina, Dilza Maria Dias, conhecida apenas como Neguinha, transformou um lixão num campo de batalha. "Alguém tinha de tomar uma atitude. Pessoas estavam sendo atropeladas na rua porque não existia calçada para andar", conta.
O "front" da guerra de Neguinha era um terreno localizado numa rua com o sugestivo nome de Estrada das Lágrimas, que circunda a favela de Heliópolis. Ali, nas cercanias de uma escola infantil, entre um posto de saúde e uma casa de apoio a crianças e adolescentes, avolumavam-se montanhas de lixo. O problema era tão antigo que o lixo parecia integrar a paisagem -os moradores já tinham perdido a esperança.

A primeira etapa da ofensiva foi uma visita aos comerciantes das redondezas do lixão. Esteve em escolas para pedir a ajuda de pais, alunos e professores -as crianças tinham de brincar no parquinho, sentindo o odor putrefato. "As pessoas me diziam sempre a mesma coisa. Diziam que eu não iria conseguir, que era perda de tempo."
Com a ajuda de uma associação local de moradores (a Unas), Neguinha confeccionou uma faixa com a seguinte mensagem: "Você que está jogando lixo sorria. Você está sendo filmado. E depois será multado". Não adiantou.

Neguinha passou a chegar ao terreno ainda de madrugada, em torno das 5h, munida apenas de um telefone celular, que dizia estar conectado com fiscais da prefeitura. Sua atitude ajudou, até porque tinha o apoio moral dos vizinhos, especialmente os da escola e os do centro de saúde, os mais incomodados com o lixo.
Era pouco.
Notou que precisava se dedicar por mais tempo à fiscalização. Chegava de madrugada e só saía quando escurecia. Levou essa rotina durante um mês. Algumas das pessoas habituadas a jogar lixo ali imaginavam que talvez aquela mulher fosse uma funcionária da prefeitura; outras suspeitavam que não passasse de uma maluca, sabe-se lá com quais ligações na favela de Heliópolis, para ter coragem de enfrentar os homens.
Independentemente do que tenham pensado, o fato é que, aos poucos, menos gente jogou lixo no terreno -além do medo das multas, sabiam que iriam encontrar, por perto, lixões improvisados. Acontece que outros moradores da região, vendo a batalha de Neguinha, também começaram a se proteger dos donos de entulho. "Não fiz nada de mais, só não queria viver na sujeira."
Por causa dessa conquista, ela vai receber sua primeira homenagem desde que veio para São Paulo, há 25 anos -uma escola (a Cidade do Sol) vai condecorá-la por sua guerra contra o lixo.

Gilberto Dimenstein - Jornalismo comunitario

Coluna originalmente publicada na Folha de S.Paulo, editoria Cotidiano.

Vejam o que uma pessoa com determinação e boa vontade pode fazer, ela
Mudou a situação do seu bairro, ela sozinha, já pensou um grupo, uma comunidade
Mas basta um, apenas um comece agir
Você pode ser este um, seja este um, mude algo que pode beneficiar o seu bairro

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Quando o luxo vem sem etiqueta



O cara desce na estação do metrô de NY vestindo jeans, camiseta e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar comentusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal.

Durante os 45 minutos que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes, ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo, umStradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares.

Alguns dias antes Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares.

A experiência, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino. A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.

A conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto.

Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de grife.
Filado do http://super.abril.uol.com.br/blogs/videorama/
com texto de Marcia Bindo da revista Vida Simples

Uma pergunta que seja sua

P. Quem sou eu?

UG (rindo). Você sabe muito quem você é.

P. Como assim?

UG. Será que “quem sou eu” é realmente a sua pergunta? Não, não é; você a selecionou em algum lugar. O problema é o perguntador, não a pergunta. Se não tivesse escolhido essa pergunta, você teria escolhido outra. Daqui a quarenta anos você ainda vai estar se perguntando qual é o sentido da vida. Um homem [realmente] vivo jamais faria uma pergunta dessas. É evidente que você não vê sentido na vida. Você não está vivendo; está morto. Se eu lhe revelasse o sentido da vida, em que posição isso deixaria você? O que poderia significar para você?

P. O perguntador existe?

UG. Não, não existe; o que existe é apenas a pergunta. Todas as perguntas são a mesma: repetições mecânicas de questões decoradas. Quer você pergunte “Quem sou eu?”, “Qual é o sentido da vida?”, “Deus existe?” ou “Existe vida após a morte?”, todas essas questões brotam apenas da memória. É por isso que pergunto se você tem uma pergunta que seja sua.

P. Você está dizendo que a questão “Quem sou eu” não sobrevive a um verdadeiro escrutínio?

UG. Porque não é possível separar a pergunta do perguntador. A pergunta e o perguntador são um. Assim que você aceita esse fato a coisa mostra-se de fato muito simples: quando a pergunta desaparece, o perguntador também desaparece. Mas como o perguntador não quer desaparecer, a pergunta permanece. O perguntador quer uma resposta para sua pergunta; como a pergunta não tem resposta, o perguntador permanece para sempre. O interesse do questionador é permanecer, não obter uma resposta.

 

U. G. Krishnamurti, antiguru

Fonte http://www.baciadasalmas.com/

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Com as mulheres

 

Posted: 11 Jun 2008 04:01 AM CDT

– Está vendo essa mulher? Eu entrei na sua casa e você não me ofereceu água para lavar os pés. Ela, no entanto, lavou meus pés com lágrimas, e enxugou-os com os seus cabelos. Você não me cumprimentou com um beijo, mas ela, desde que entrou, não parou de beijar-me os pés. Você não me derramou óleo sobre a cabeça, mas ela passou essência perfumada nos meus pés.
Lucas 7:44-46

A distância cultural nos impedirá para sempre de apreender a extensão da sua influência e a absoluta novidade da sua postura, mas é certo que nenhuma outra figura masculina da Antiguidade ocidental – seja no domínio da realidade ou da ficção – sentiu-se mais à vontade entre as mulheres do que o Jesus dos evangelhos. Nenhum outro personagem do seu tempo, e talvez de tempo algum, fez mais para corrigir a distorção das lentes culturais através das quais a imagem da mulher era interpretada – e em muitos sentidos permanece sendo.

A singularidade de Jesus nesse aspecto não é menos do que tremenda. Acho notável ao ponto do milagroso que as posturas de Jesus diante das mulheres, conforme descritas nos evangelhos, não tenham sido censuradas posteriormente por homens menos preparados do que ele para abraçá-las.

É preciso lembrar o óbvio, que não faz cem anos que as mulheres alcançaram status social igualitário no ocidente, e que os evangelhos descrevem o que ocorreu há dois mil.

Numa época em que um marido não deveria dirigir-se à própria esposa em lugar público e homem algum deveria trocar palavra com uma mulher desconhecida (em ambos os casos para proteger a sua honra, não a dela), o rabi de Nazaré buscava a companhia amistosa de mulheres, puxava conversava com elas, tratava-as com admiração e naturalidade, interessava-se sem demagogia pelos seus interesses, deixava que tocassem publicamente o seu corpo e o seu coração.

O Filho do Homem não se constrangia em ser sustentado por mulheres, não virava o rosto à possibilidade de ser acarinhado por elas, não hesitava em recorrer a imagens que diziam respeito ao seu dia-a-dia, não sonegava histórias em que mulheres eram (muito subversivamente, na ótica do seu tempo) exemplo de humanidade, de integridade, de engenhosidade e de virtude.

Falamos de um tempo, num certo sentido não muito distante, em que os homens que não denegriam abertamente a imagem da mulher soterravam-na por completo debaixo de idealizações simplistas. Dependendo de quem estava falando, a mulher era vista como incômodo necessário, como homem imperfeito, como criança, como objeto mecânico de desejo, como objeto idealizado de poesia, como animal fraco e sensual; figura às vezes inocente, às vezes desejável, normalmente imprevisível, normalmente indigna de confiança, invariavelmente inferior.

Contra esse cenário, o rabi de Nazaré resgatou uma mulher adúltera das garras da justiça e da morte sem recorrer ao que seria o mais fácil e popular dos argumentos antes e depois dele, o que afirma que a mulher é criatura de mente obtusa e vontade fraca, particularmente suscetível às sensualidades da carne. Num único golpe eficaz ele transferiu a culpa da mulher acuada para os seus acusadores, todos eles homens e emblemas de poder e desenvoltura, até serem publicamente dissolvidos pela mão de Jesus. A vítima, a transgressora, foi ao mesmo tempo salva da condenação e tratada, talvez pela primeira vez, como ser humano independente e responsável (João 8:1-11).

Aqui estava um homem que, irresistivelmente, olhava para as mulheres sem rebaixar-se a preconceitos ou recorrer a idealizações. Jesus lia as mulheres como seres humanos, e foram necessários séculos para que o mundo arriscasse repetir a sua ousadia. Ainda hoje, transcorridos milênios ineficazes, não há homem que esteja imune a ler a mulher através de estereótipos novos e velhos; ainda somos tentados a enxergar o homem incompleto, a flor de pureza, a criança sem rédea. Mas ali, nas esquinas empoeiradas de um canto do mundo, as estruturas do mundo social haviam sido abaladas para sempre.

Para mim não há evidência maior de que o espírito subversivo de Jesus permaneceu vivo nos primeiros discípulos, logo após a ressurreição, do que a descrição da comunidade de seguidores em Atos 1:14: “Todos estes [homens] perseveravam unanimemente em oração, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele”.

Este com as mulheres me pega desprevenido todas as vezes, tanto pela sua necessidade quanto pelo impensável que representava no seu tempo. Em retrospecto é difícil avaliar o quanto está sendo efetivamente dito aqui, mas é preciso lembrar constantemente que naquela cultura as esferas de atividade de homens e mulheres eram divididas ao ponto do incompatível. Essa fenda corria de uma ponta à outra o tecido da sociedade, mas seu ponto nevrálgico talvez residisse na esfera religiosa, na qual era preciso ser homem para ter participação eficaz – isto é, para ter acesso verdadeiro e relevante à divindade.

Na visão de mundo vigente homens e mulheres habitavam espaços separados no universo; essa incompatibilidade era espelhada na sociedade e prontamente celebrada através de espaços diferenciados de adoração. Tanto o Templo quanto as sinagogas tinham áreas separadas para homens e mulheres, e os recintos reservados para os homens ficavam invariavelmente mais próximos de Deus. Era uma sociedade em que não ocorreria a ninguém colocar homens e mulheres compartilhando voluntariamente de um mesmo espaço, muito menos um espaço religioso.

Agora que Jesus havia subido ao céu e os homens de branco haviam dito que mantivessem os olhos fixos na terra, os discípulos viram-se diante de um problema e de um embaraço. Jesus, o amigo das mulheres, havia partido, mas as mulheres haviam ficado. Deveriam eles, homens de respeito e maridos de boa fama, retornar ao antigo e unânime padrão social, devolvendo as mulheres ao seu devido lugar? Agora que Jesus não estava mais ali para efetuar a sua mágica, não seria inevitável que restabelecessem a fenda social que ele havia coberto temporariamente? Quando a multidão de seguidores retornasse a Jerusalém (onde Jesus dissera que aguardassem) deveriam o grupo de discípulos e o de discípulas “perseverar unanimemente” em recintos separados?

Escolher o contrário, escolher o abraço comunitário e a convivência santa nos padrões inaugurados por Jesus, seria nadar contra a corrente de todas as instituições sociais em efeito no seu tempo. Um observador só encontraria um modo razoável de interpretar uma reunião voluntária e regular entre homens e mulheres: como ocasião para licenciosidade. Foi efetivamente dessa maneira que as reuniões cristãs “de amor” foram interpretadas por seus antagonistas ao longo de seus primeiros séculos. Tinham que ser desculpas para sexo – porque, que mais poderia um homem querer fazer com uma mulher?

A momentosa decisão encapsulada nesse único verso demorou a encontrar compreensão e aceitação, tanto dentro quanto fora do grupo. Escolhendo reunir-se regularmente no mesmo recinto, tanto homens quanto mulheres abriram voluntariamente mão da ficção da “boa fama” em troca da generosidade, da inclusão e da convivência. Escolhendo sentar-se de modo criativo ao lado de um Outro com quem não criam ter nada em comum, romperam um véu ancestral e convidaram o mundo a explorar um universo de possibilidades inimaginadas. Nos dois casos, seguiam o desafio formidável deixado pelo exemplo de Jesus.

Paulo Brabo

Posted: 11 Jun 2008 04:01 AM CDT

Fonte; baciadasalmas.com

Demissão com recomeço

Numa manhã de segunda-feira, no interior de São Paulo, um jovem funcionário de uma fábrica acaba de receber a notícia de que ele e todos os seus colegas perderão o emprego. A unidade de produção será transferida para outra cidade. Ele se aproxima do consultor encarregado de atender os demitidos, mas são muitos querendo falar e desiste. Chega o horário do almoço. O rapaz vai para casa, faz a refeição com a mulher e os filhos, sem comentar nada, e volta para a empresa. Consegue, finalmente, perguntar o que queria ao consultor: "Você me ajuda a pensar no que eu vou falar em casa?".

Na mesma semana, na capital, um executivo de uma multinacional é comunicado de seu desligamento. Ele tenta negociar uma transferência de área. Sem sucesso. Vai para casa à noite e não conversa com a família. Na manhã seguinte, cumpre a rotina de vestir o seu terno e sair para o trabalho. Desvia o carro no caminho e passa o dia em um shopping center, caminhando sem rumo, olhando o vazio. Ele também não sabe o que fazer. E não tem a quem pedir ajuda.

O que une dois personagens tão distintos e distantes é uma realidade que pode ser mais freqüente e até mais esperada atualmente, mas que ainda não deixou de ser vista como um drama: lidar com a demissão. O que os diferencia, porém, é o suporte que receberam de suas empresas para atravessar esse momento e construir um novo horizonte profissional.

Mas, afinal, as organizações precisam mesmo assumir mais essa tarefa e amparar as pessoas que já não lhes servem? No Brasil, não há nada que as obrigue. Já em países como a França, os programas de outplacement são exigências legais para dispensas coletivas (veja mais em Saída à francesa). No entanto, em qualquer lugar do mundo, as empresas encontram boas razões para oferecer, voluntariamente, orientações e suporte aos funcionários dispensados.

Gilberto Guimarães, diretor da BPI Brasil, lembra que os programas de outplacement surgiram na Europa para coibir demissões imotivadas. "Era uma maneira de permitir que as empresas demitissem quando necessário, mas com um plano social", relata.

Ele salienta que, antes de definir o processo de desligamento, a organização deve analisar todas as possíveis soluções alternativas - e, nesse momento, pode contar com a ajuda de uma consultoria especializada. "Quando uma companhia toma a decisão de reduzir quadros é porque está passando por uma crise. Por isso, devemos estudar se é possível resolver o problema do momento com reduções de jornadas, antecipação de aposentadorias ou outras medidas", aponta.

Marcelo Cardoso, que concedeu esta entrevista na sua última semana como presidente da DBM (ele foi contratado pela Natura como vice-presidente de desenvolvimento organizacional), relata a importância de sentir a temperatura da situação. "Em um caso individual, precisamos saber se a empresa tem um motivo claro para demitir, se a pessoa afetada já tem essa possibilidade captada no seu radar ou se será algo novo para ela. Quando se trata de um corte coletivo, o tratamento é mais complexo", avalia.

Caso a saída seja mesmo demitir, os programas de apoio minimizam o impacto negativo junto aos diversos públicos atingidos direta ou indiretamente. "Além do funcionário demitido, há as pessoas que não terão sua atividade alterada. Estas só precisam ser informadas. Outras vão mudar de papel e necessitam ser preparadas para a nova função. Tão importante quanto o cuidado com quem sai é o cuidado com quem fica", afirma Cardoso.

E se fosse com você?
Guimarães concorda com essa preocupação com quem não é demitido. "É importante manter o efetivo com paz de

"Metade do sucesso de um processo de restauração depende da qualidade da comunicaçao

espírito para trabalhar. A implantação de um programa de outplacement dá a sinalização de que, se forem atingidos também, esses colaboradores terão mais chances de ser recolocados", diz o diretor da BPI. E o tratamento adequado aos demissionários também evita maior desgaste junto a clientes e fornecedores.

E no pacote desse tratamento há um aspecto fundamental, de acordo com Cardoso: o plano de desligamento deve ser amparado por um consistente processo de comunicação e de respeito aos indivíduos impactados. "Um processo de demissão bem feito começa com a pergunta: 'E se fosse comigo?' Saber como comunicar a decisão também é fundamental. Isso dá coerência ao que a empresa está fazendo, mesmo quando ela não sabe quem substituirá um executivo demitido", pondera.

Quando o demitido é um executivo, é preciso seguir um ritual próprio. "Por uma questão de segurança, temos de saber o nível de informação que essa pessoa leva da empresa. Pensamos no dia D da demissão e na forma de comunicação. Deixamos claro que o ambiente de anúncio não está aberto a negociações. A empresa deve reconhecer que o indivíduo passa por uma sensação de perda. E o gestor deve estar presente nesse momento", recomenda Cardoso.

Guimarães vai além, afirmando que "metade do sucesso de um processo de reestruturação depende da qualidade da comunicação. Ela tem de ser excepcional, para todos os stakeholders, sejam os funcionários que saem, os que ficam, os sindicatos e a sociedade", diz.

Uma atribuição, entretanto, não pode ser delegada a uma consultoria externa: quem deve comunicar a demissão é o chefe da pessoa ou da equipe afetada, ensina Elaine Saad, sócia-diretora da Right Management. O diretor da BPI ressalta, também, que o responsável pela demissão nunca deve ser o encarregado de prestar suporte. "É pouco provável que quem demite seja o motivador de quem sai ou de quem fica. Ele não terá credibilidade", afirma Guimarães.

Outro aprendizado refere-se ao fechamento de fábricas ou grandes cortes. Nesses casos, de acordo com os especialistas, a comunicação coletiva, para todos ao mesmo tempo, é péssima. O melhor é fazer o anúncio em grupos, ainda que simultâneos, mas em locais separados. "Por mais que as pessoas estejam esperando, a demissão é uma notícia ruim. Normalmente, os funcionários se sentem desrespeitados. Gostam de desabafar. Uns choram, outros reagem com euforia como defesa. Nós sabemos contornar essas reações. Já quando agrupamos as pessoas, não controlamos as reações", explica Elaine, para quem as demissões apoiadas por um procedimento com objetivos bem definidos são um benefício a mais para os funcionários, assim como assistência médica.

Nova vida e menos fraudes

"Um processo de demissão bem feito começa com a pergunta 'E se fosse comigo?'"


Os programas de demissão também podem receber a adesão voluntária de funcionários interessados em partir para um novo ciclo de carreira. E, mesmo para os que não têm escolha e são incluídos nas listas de cortes, o desligamento ainda pode ser um "bom negócio". Guimarães esclarece que, além das indenizações legais e extras, o empregado recebe o FGTS e a multa rescisória de 40% desse montante. Assim, uma pessoa que esteve na empresa por dez anos acaba ganhando de 15 a 20 salários na saída. "E, se ela consegue se recolocar em quatro meses, contando ainda com o seguro desemprego pelo período em que estiver sem emprego, terá uma disponibilidade de aplicação financeira que pode mudar a sua vida para melhor", diz.

Além disso, continua Guimarães, a empresa que demite responsavelmente, ao viabilizar uma nova vida para seu ex-funcionário, também reduz o número de reclamações trabalhistas. "É um processo extraor­dinariamente útil para todos os envolvidos", acredita.

O que também pode diminuir, no caso de uma condução correta do processo, são as chances de fraudes e boicotes, para ficar apenas nos aspectos tangíveis. "O resultado desses programas é sempre positivo. Porque é uma notícia ruim que está sendo gerenciada", completa Elaine.

Ela reforça que a contratação de uma consultoria de transição é importante para que as demissões sigam um procedimento adequado. "Cerca de 80% dos clientes não têm um plano. Nosso papel é ajudá-los a programar tudo em detalhes: desde a escolha da melhor data para o anúncio até definir se os desligamentos serão simultâneos ou não; e ainda como a área de endomarketing vai lidar internamente com a notícia e como a mídia e a sociedade serão informadas. Depois, virá o suporte a cada indivíduo impactado. Se a empresa toma todos os cuidados com o planejamento, estará bem amparada."

Por mais experiente que seja a equipe de RH da empresa, o acompanhamento externo traz melhores resultados na hora da demissão. "A consultoria agrega ao processo aquilo que aprendeu em outras situações, enquanto uma solução interna ocorre mais na base do ensaio e erro. Já o processo de recolocação deve mesmo ser conduzido por um agente contratado, pois a relação entre empregador e ex-empregado fica como a do casal que se separa", compara Elaine.

Quem contratar para ajudar a demitir?
Para Elaine Saad, o que as empresas devem buscar como pré-requisitos em consultorias de transição são a experiência, a expressão no mercado nacional e global e referências de mercado. "Cada projeto nos prepara para o seguinte. E é preciso ter uma estrutura emocional muito forte para esse trabalho, maturidade e desprendimento da situação. Já tive consultores que não agüentaram a pressão. A gente prepara os líderes nas empresas, conversa individualmente, mostra como ele irá se sentir, e mesmo assim muitos não resistem. É como o papel do médico, que precisa cuidar de seu paciente, mas não pode sofrer com ele. É preciso ouvir muito, ter paciência e respeito."

A sócia da Right resume uma parte de sua atribuição: "Nossa missão é fazer as pessoas entenderem que a demissão é um processo normal, assim como o divórcio. As pessoas, às vezes, ficam chocadas porque as expectativas do outro lado não batem com as suas".

Guimarães afirma que uma consultoria deve ser capaz de apoiar seu cliente em todo o processo de reestruturação. "É preciso tomar cuidado para não cometer erros graves. Houve processos malconduzidos de demissão que resultaram em protestos sindicais e até em reintegração de ex-funcionários por ordem da Justiça", diz.

Segundo Cardoso, o contratante - muitas vezes é o próprio executivo demitido quem recomenda a consultoria à sua empresa - também deve avaliar a qualidade dos consultores e a capacidade destes de alavancarem o network do demissionário. "O consultor pode mesmo ajudar na minha recolocação? Tem experiência para contribuir com o meu processo? Conta com mecanismos e metodologias de eficácia comprovada? São essas as perguntas que um executivo deve fazer na hora de escolher o fornecedor do programa de outplacement", informa o ex-presidente da DBM.

Fonte; Revista Melhor por

André Sales

http://revistamelhor.uol.com.br/textos.asp?codigo=12300

Dia dos namorados

terça-feira, 3 de junho de 2008

Evangélicos invadem centro espírita no Catete, diz polícia

Segundo a polícia, invasores quebraram imagens e móveis do local.
A polícia ainda não sabe o que motivou o crime.

Um grupo de pessoas invadiu um centro espírita na noite desta segunda-feira (2) na Rua Bento Lisboa, no Catete, Zona Sul do Rio de Janeiro. Segundo a 9ª DP (Catete), em depoimento, os suspeitos afirmaram ser evangélicos. Pelo menos cinco carros do 2º BPM (Botafogo) foram para o local na tentativa de conter o tumulto. A polícia ainda não divulgou os nomes dos invasores. Ninguém ficou ferido.

De acordo com a 9ª DP (Catete), onde o caso foi registrado, o grupo quebrou imagens de santos e todos os móveis do centro. Ainda não se sabe o que motivou o crime. Quatro suspeitos e freqüentadores do local prestaram depoimento na delegacia.

 

Do G1, no Rio, com informações da TV Globo