terça-feira, 19 de agosto de 2008

Eric Clapton, Na Presença do Senhor


Deus visitou o artista do blues durante sua juventude, seu período de conversão e sua recuperação.

Se testemunho e evidências significam algo, Eric Clapton está muito bem. Em fevereiro, ganhou seu 19º Grammy (por The Road to Escondido) e reuniu-se com Steve Winwood – antigo companheiro da banda Blind Faith – para três aclamados shows no Madson Square Garden. O governo norte-coreano convidou Clapton para tornar-se o primeiro músico do rock a tocar no último reduto do verdadeiro comunismo; porém, ele ainda não decidiu se aceitará o convite. Em 2007, Clapton completou uma turnê de 133 dias, organizou o segundo Crossroads Guitar Festival para levantar fundos em favor de seu centro de recuperação e esteve na lista dos mais vendidos do jornal The New York Times com o livro Clapton: The Autobiography (Clapton: A Autobiografia). Clapton é casado com Melia McEnery Clapton há seis anos, com quem tem três meninas, que o amam acima de tudo, sem terem idéia do atribulado passado do pai.

Tudo parece ir muito bem para o homem que, em companhia de uma Gibson Les Paul, levou entusiastas da contracultura a declararem que “Clapton é Deus” nas paredes das estações de metrô; para aquele que foi “adotado” por Muddy Waters e comissionado a carregar o legado do blues. Mas sua caminhada foi bastante conturbada. Desde os nove anos, quando descobriu que nascera fora de um casamento e era filho de sua “titia” com um desconhecido soldado canadense, Clapton lutou para encontrar um lugar onde se sentisse seguro. Sentimentos de insegurança e isolamento visitaram-no durante toda sua vida, conduzindo-o à corajosa alienação do blues. Porém, há um lado espiritual em Clapton pouco conhecido, o qual quase sempre influenciou o que pensava e fazia, além do tipo de música que escrevia e tocava.

Clapton nunca se colocou como um modelo da fé cristã, e admite não ser um. Ele cresceu na cidade rural de Surrey, Inglaterra, onde freqüentava a congregação local da Igreja da Inglaterra e, em sua autobiografia, escreveu: “cresci com uma enorme curiosidade acerca dos assuntos espirituais, mas minha busca me levou para longe da igreja e da adoração comunitária, conduzindo-me à jornada interna”. A base de sua fé minimalista é refletida no hino favorito de sua juventude, “Jesus bids us shine" (Jesus nos convida a brilhar):

Like a little candle burning in the night;
In this world of darkness, we must shine,
You in your small corner, and I in mine.

Jesus nos convida a brilhar com uma pura e clara luz,
Como uma pequena vela acesa de noite;
Neste mundo de escuridão, nós devemos brilhar,
Você no seu cantinho e eu no meu.

Por John Powell
03 de agosto de 2008
Traduzido por Caio Zaleschi

Deus visitou o artista do blues durante sua juventude, seu período de conversão e sua recuperação.

Se testemunho e evidências significam algo, Eric Clapton está muito bem. Em fevereiro, ganhou seu 19º Grammy (por The Road to Escondido) e reuniu-se com Steve Winwood – antigo companheiro da banda Blind Faith – para três aclamados shows no Madson Square Garden. O governo norte-coreano convidou Clapton para tornar-se o primeiro músico do rock a tocar no último reduto do verdadeiro comunismo; porém, ele ainda não decidiu se aceitará o convite. Em 2007, Clapton completou uma turnê de 133 dias, organizou o segundo Crossroads Guitar Festival para levantar fundos em favor de seu centro de recuperação e esteve na lista dos mais vendidos do jornal The New York Times com o livro Clapton: The Autobiography (Clapton: A Autobiografia). Clapton é casado com Melia McEnery Clapton há seis anos, com quem tem três meninas, que o amam acima de tudo, sem terem idéia do atribulado passado do pai.

Tudo parece ir muito bem para o homem que, em companhia de uma Gibson Les Paul, levou entusiastas da contracultura a declararem que “Clapton é Deus” nas paredes das estações de metrô; para aquele que foi “adotado” por Muddy Waters e comissionado a carregar o legado do blues. Mas sua caminhada foi bastante conturbada. Desde os nove anos, quando descobriu que nascera fora de um casamento e era filho de sua “titia” com um desconhecido soldado canadense, Clapton lutou para encontrar um lugar onde se sentisse seguro. Sentimentos de insegurança e isolamento visitaram-no durante toda sua vida, conduzindo-o à corajosa alienação do blues. Porém, há um lado espiritual em Clapton pouco conhecido, o qual quase sempre influenciou o que pensava e fazia, além do tipo de música que escrevia e tocava.

Clapton nunca se colocou como um modelo da fé cristã, e admite não ser um. Ele cresceu na cidade rural de Surrey, Inglaterra, onde freqüentava a congregação local da Igreja da Inglaterra e, em sua autobiografia, escreveu: “cresci com uma enorme curiosidade acerca dos assuntos espirituais, mas minha busca me levou para longe da igreja e da adoração comunitária, conduzindo-me à jornada interna”. A base de sua fé minimalista é refletida no hino favorito de sua juventude, “Jesus bids us shine" (Jesus nos convida a brilhar):


Jesus bids us shine with a clear, pure light,
Like a little candle burning in the night;
In this world of darkness, we must shine,
You in your small corner, and I in mine.

Jesus nos convida a brilhar com uma pura e clara luz,
Como uma pequena vela acesa de noite;
Neste mundo de escuridão, nós devemos brilhar,
Você no seu cantinho e eu no meu.


O reconhecimento implícito de que servimos a Deus individualmente – em nossos próprios “cantinhos” – fazia sentido no bairro proletário onde Clapton encontrou encorajamento espiritual.

No fim da década de 60, ele foi atraído ao genuíno entusiasmo de Delaney e Bonnie Bramlett, que abriram para o Blind Faith em sua turnê de 1969. A figura de Delaney, “de um pregador batista do sul norte-americano, que comunicava uma mensagem de fogo e enxofre... poderia ter sido irritante”, observou Clapton, “não fosse o fato de ser extremamente inspirador quando cantava”. Uma noite, Bramlett desafiou Clapton a começar a cantar: “Deus deu-lhe este dom, e caso você não o use, ele o tomará de volta”. Clapton, sempre inseguro quanto a ele mesmo, seguiu o conselho.

Alguns dias depois, dois cristãos vieram até o camarim de Clapton após um show - provavelmente por sua performance em “Presence of the Lord” (Presença do Senhor), a canção mais aplaudida da turnê do Blind Faith. Para eles, a música parecia como uma tentativa de resposta a 1 Samuel 6:20 – “Quem poderia estar em pé perante o Senhor, este Deus santo?”:


I have finally found a place to live
Just like I never could before
And I know I don't have much to give
But soon I'll open any door.
Everybody knows the secret,
Everybody knows the score.
I have finally found a place to live
In the presence of the Lord.

Eu finalmente encontrei um lugar para viver
Assim como eu nunca pude antes
E eu sei que não tenho muito a ofertar
Mas logo abrirei alguma porta.
Todos conhecem o segredo,
Todos conhecem o resultado.
Eu finalmente encontrei um lugar para viver
Na presença do Senhor.


Os dois cristãos pediram para que Clapton orasse com eles. Ao se ajoelharem, ele viu uma “luz ofuscante” e sentiu a presença de Deus. Seu testemunho foi franco e honesto; ele disse “a todos” que havia “nascido de novo em Cristo”. Porém, a natureza de sua fé foi modificada por um tipo de superstição que seria duvidosa sob a luz de qualquer teologia sistemática.

Conforme a fama de Clapton crescia, crescia também seu comportamento destrutivo. Um ano após sua conversão, ele tornou-se viciado em heroína, livrou-se dela, mas conheceu o alcoolismo, a promiscuidade sexual e uma série de relacionamentos fracassados. “Decisões erradas eram minha especialidade”, disse. Em 1987, ele chegou ao fundo do poço. Depois de uma recaída após um mês de reabilitação, ajoelhou-se e “rendeu-se” a Deus, dedicando sua sobriedade ao seu filho recém-nascido, Conor.

Quatro anos depois, quando Conor morreu em uma queda de uma janela, no 53º andar de um apartamento na Park Avenue em Nova York, Clapton admitiu: “Houve um momento em que perdi a fé”. Ainda assim, ele encontrou forças para sua apresentação na reunião dos Alcoólicos Anônimos que freqüentava cujo tema era: “oferecendo sua vontade em troca do cuidado de Deus”. Depois disso, uma mulher confessou que ele havia tirado dela sua “última desculpa” para beber, uma confirmação para Clapton de que “permanecer sóbrio e ajudar o próximo a atingir a sobriedade” é “a coisa mais importante” em sua vida.

Em sua autobiografia, Clapton conta detalhes acerca do início de sua vida de oração – aquele ponto crítico durante sua estadia no centro de recuperação em 1987.

“Eu estava desesperado”, escreveu. “Na privacidade de meu quarto, eu implorei por ajuda. Eu não sabia com quem acreditava estar falando, eu apenas sabia que precisava esgotar todos os recursos.... e, ajoelhando-me, me rendi. Em alguns anos, eu percebi que... havia encontrado um lugar para ir, um lugar que, como eu sabia, sempre esteve lá. Entretanto, eu nunca quis, ou precisei, acreditar nele”.
“Desde aquele dia até hoje, eu nunca deixei de orar pela manhã, de joelhos, pedindo ajuda, e a noite, para expressar gratidão por minha vida e, acima de tudo, por minha sobriedade. Eu escolho ajoelhar-me porque sinto que preciso ser humilde quando oro, e com meu ego, isso é o máximo que posso fazer. Se você me pergunta o porquê de eu fazer tudo isso, eu posso te dizer... porque funciona, simples assim”.

John Powell é professor adjunto de história na Universidade Batista do Oklahoma.

Fonte: Christianity Today

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