Santo Agostinho dizia: “Deus tem filhos que a igreja não tem”.
Diante da atual conjuntura cristã mundial, e especificadamente brasileira, me atrevo a dizer: “a igreja tem filhos que Deus não tem”.
Adágios sempre nortearam as estruturas de pensamento popular, famosos provérbios perambulam eternamente nas rodas do “povão”, um deles se enquadra muito bem na atual situação da igreja evangélica brasileira: contra fatos não há argumentos.
Escândalos de conduta ética, notícias que denunciam pastores evangélicos donos de rádios piratas, furos de noticiários com gravações de bispos ensinando como tomar a benção do povo (ou dá ou desce!) e assim sucessivamente.
Slogans de igrejas que prometem serem igrejas: do poder de Deus, da unção poderosa, do fogo puro, de milagres e maravilhas, do apóstolo que cura, do pastor que revela, do copo de água santa, da rosa ungida, do lenço com suor, do emagrecimento eficaz, da oração poderosa, das cinco coisas que você deve fazer para....., dos sete dias, das doze semanas, do ano sagrado, e assim por diante.
Tudo comprova que como cristãos somos pessoas cheias de expectativas, principalmente quanto ao céu. Não temos certeza de como é o céu, e muito menos de quando será, essa dúvida gera em nós ansiedade e prazer em servir a Cristo, não só pelo fato de querermos o céu, mas pelo fato de termos a vida eterna.
Toda essa expectativa espiritual, que em nós produz esperança, leva alguns a se iludirem com líderes insanos, descontrolados e alvissareiros que criam comunidades nos moldes do que se entende por espiritualidade, comunidades onde o que se busca são “coisas extraordinárias”, experiências sobrenaturais (sendo que Cristo nos ensinou a buscar a instalação do reino e sua justiça) - o que eles não sabem é que espiritualidade não é algo teórico e muito menos empírico, mas algo extremamente divino e humano. A tentativa de manipular o poder, a honra, a glória e a justiça de Deus resultam na construção de minicéus, verdadeiros circos nos quais se revela a “desvontade” do altíssimo mediante picadeiros diversificados.
O que muitos esquecem é que Jesus advertiu a todos que manifestações espirituais jamais poderão comprovar a espiritualidade de ninguém, o Mestre disse que naquele dia muitos dirão: “Senhor, expulsamos demônios em teu nome e curamos enfermos, e Eu vos direi, não os conheço, apartai-vos de mim malditos para o fogo eterno.”
Com certeza a primeira surpresa que teremos antes de adentrar à Nova Jerusalém, será a seleção daqueles que habitarão o largo de fogo eterno. Nem todos aqueles que têm carteirinha de membro de determinada igreja, nem todos os que foram batizados nas águas e no Espírito, que falam em línguas (bem) estranhas, que têm sonhos e visões, comporão o livro da vida.
O que se conclui é que fazer parte da igreja (instituição) não confere a ninguém o “direito” de adentrar os átrios celestiais; existem muitas, por que não, incontáveis, pessoas que não fazem parte da cristandade atual, porém crêem em Cristo e têm uma vida tão igual à dele que por vezes são confundidos com o próprio. Estar na igreja é muito mais perigoso do que fora dela, estar na igreja pode nos anestesiar fazendo-nos acreditar que estamos salvos pelo fato de lá estarmos, enquanto que estar fora dela, ou seja, no mundo (espírito) é totalmente diferente, todos os que compõem o sistema de coisas atual já sabem seu destino se porventura não se renderam ao Cristo morto e ressurreto.
O que nos confere a certeza de que teremos nossos nomes na seleta lista dos salvos, é a fé naquele que nos gerou em Deus, entretanto, as obras são as mais genuínas provas de qual povo fazemos parte, igreja ou mundo, filhos da luz ou das trevas. Cabe aos verdadeiros seguidores de Jesus construir comunidades onde a vida seja vivida intensamente, onde as pessoas se amem sem medidas, onde o próximo sempre seja preferido em honra, onde a desigualdade social e a injustiça sejam punidas e exterminadas, onde o pecado seja massacrado e as feridas tratadas com paixão, comunidades de amigos, de irmãos, onde todos contribuem para a instalação do reino na terra a partir do amor que produz solidariedade, amizade, reflexão e uma genuína espiritualidade. Assim dizia o Cristo: “Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores. Vocês os reconhecerão por seus frutos. Pode alguém colher uvas de um espinheiro ou figos de ervas daninhas? Semelhantemente, toda árvore boa dá frutos bons, mas a árvore ruim dá frutos ruins. A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim pode dar frutos bons. Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Assim, pelos seus frutos vocês os reconhecerão!
“Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?’ Eu os direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!” (Mateus 7:15-22. NVI)
Pensando bem Calvino tinha razão: “Existe outra igreja dentro da própria igreja”.
fonte; http://celebraii.blogspot.com/
Postado por Evangelista Wil
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