– A palavra “mito” significa “mentira” – começou ele. – Um mito é uma mentira.
– Não, um mito não é uma mentira. Uma mitologia completa é uma organização de imagens e narrativas simbólicas, metafóricas das possibilidades da experiência humana e da plena realização de uma dada cultura num dado momento.
– Uma mentira.
– Uma metáfora.
– Uma mentira.
Isso se estendeu por vinte minutos. Percebi que o entrevistador não sabia de fato o que era uma metáfora, e resolvi tratá-lo como ele estava me tratando.
– Não, estou dizendo que é uma metáfora. Me dê você um exemplo de metáfora.
– Vou tentar. Meu amigo John corre muito rápido. As pessoas dizem que ele corre como uma gazela. Isso é uma metáfora.
– Isso não é metáfora. A metáfora é: João é uma gazela.
– Isso é uma mentira.
– É uma metáfora.
E o programa acabou. O que esse incidente sugere a respeito da nossa compreensão popular a respeito da metáfora?
Fez-me refletir que metade das pessoas no mundo pensa que as metáforas das suas tradições religiosas, por exemplo, são fatos. E a outra metade sustenta que não são fatos de forma alguma. Como resultado temos pessoas que se consideram crentes porque aceitam metáforas como fatos, e outros que classificam-se como ateus porque crêem que as metáforas religiosas são mentiras.
Joseph Campbell, em Thou Art That- via baciadasalmas.com
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