A festa da Páscoa, ou Pesach, celebra o êxodo do povo hebreu do Egito sob a liderança de Moisés, apos 420 anos de escravidão. Juntamente com o Shavu`ot e o Sukkoté uma das três festas de peregrinação quando os judeus deveriam comparecer a Jerusalém. Para os cristãos, a Páscoa celebra a ressurreição de Jesus.
A Páscoa cristã é, portanto, a celebração de uma vitória única, porém com duas dimensões. A vitória de Jesus sobre a morte convida a todos a celebrar a vida e a liberdade, duas faces de uma mesma realidade, sendo que uma não existe sem a outra. A morte escraviza pelo medo. Mas Jesus liberta para a vida: “... como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão” (Hebreus 2.14,15). Quem teme a morte, teme a vida. Quem tem medo de morrer, tem medo de viver. Por esta razão o futuro é ameaçador e são assustadoras as contingências da existência. Há uma razão para temer o futuro: a morte espreita por trás do calendário. Mas quem já não teme a morte é livre para se entregar à vida, empreender para construir o futuro, apesar de sua condição contingente.
Bem disse o pregador: “Quando o selo do absoluto romano foi rompido no domingo da ressurreição, ficou definitivamente decretado que estava vencida não apenas a morte, mas também todos os agentes promotores e mantenedores da morte, mediante a erupção da vida”. Na sexta-feira da paixão o inferno fez festa e alardeou a vitória da morte sobre a vida. No domingo da ressurreição o inferno fez luto, e recebeu sobre si o manto da desonra, do escárnio e da vergonha eterna: a vida saltou de entre os trapos perfumados no túmulo ao lado do Calvário e adentrou o mundo pelas portas de um jardim. A vida venceu a morte. A vida venceu o medo. A vida rompeu os grilhões outrora sustentados pelo poder da morte. Vida e liberdade se encontram para um abraço eterno: “quando o Filho do Homem libertar você, então, e somente então, você será verdadeiramente livre” (João 8.36), terá “passado da morte para a vida”, num caminho sem volta, até chegar aquele dia quando a morte terá perdido de vez seu poder de ferir e matar (1Coríntios 15.54,55).
O simbolismo da Páscoa cristã aponta para a possibilidade de um novo começo, para uma nova vida, não mais cativa das limitações impostas pelo mal e pela maldade. Uma nova vida não mais determinada pelo diabo e seus asseclas profetas e atores da morte. Uma vida livre das ameaças da morte e, por isso, plena em amor, bondade, solidariedade, justiça e paz. Celebrar a Páscoa é desfrutar da ressurreição, celebrar a vida, anunciar a liberdade e assumir o compromisso de promover vida e libertação. Isso sim é uma Feliz
Ed René
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