Um grupo de nós está diante das ruinas que os Alemães tentaram (sem sucesso) apagar, para esconder evidências que seis milhões de Judeus foram fuzilados, postos em câmaras de gás e incinerados em tais locais, somente pelo fato de serem Judeus. Eu penso: se o Gólgota revelou o senso de abandono de Deus de um Judeu, Birkenau multiplica essa angústia pelo menos três milhões e meio de vezes. Para o resto de minha vida, este crematório representará o caso mais poderoso contra Deus, o local onde alguém poderia - com justiça - denunciar, negar, ou (pior ainda) ignorar Deus, o Deus que ficou calado. Qual o sentido de palavras num momento como este? Tantos clamaram a Deus aqui neste lugar e não foram ouvidos. O silêncio humano hoje é a única resposta apropriada ao silêncio divino de ontém. Ficamos em silêncio. Nosso silêncio é ensurdecedor. E então surge - primeiro dos lábios de um homem, Elie Wiesel (no campo onde trinta e cinco anos atrás sua vida, sua família e sua fé foram destruídas), e então em um côro crescente de outros, a maioria Judeus, a grande afirmação: Shema Yisroel, Adonai Elohenu, Adonai Echod. Ouça, Ó Israel, o Senhor nosso Deus, o Senhor é o Único Deus.No lugar onde o nome de Deus poderia ter sido agonizantemente negado, o nome de Deus é agonizantemente afirmado - por aqueles que tinham mais razões para negá-lo. Eu estremeço de tensão entre meu impulso de negar e a decisão deles de afirmar. Porque eu estive em Birkenau, é agora impossível para mim afirmar Deus do modo como eu fazia antes. Porque eu estive em Birkenau com eles, é agora possível para mim afirmar Deus de modos como eu nunca o fiz antes.(Elie Weisel: Messenger to All Humanity por Robert McAfee Brown, páginas 189-190)
É relativamente fácil afirmar Deus quando tudo está bem, o céu está azul, o sol brilhando, as flores dando um colorido especial à nossa volta. Mas a fé verdadeira nos convoca a afirmar Deus, mesmo quando todas as evidências ao nosso redor clamarem o contrário.
Relato de Elie Wiesel
Elie Wiesel tinha apenas quinze anos quando foi levado para os campos de concentração. Judeu devoto, ele viu sua fé em Deus morrer aos poucos, à medida que via seus compatriotas virarem fumaça nas chaminés dos crematórios. Quando terminei de ler o livro, lembrei-me da história verdadeira narrada por Robert McAFee Brown, sobre a experiência que ele teve junto com Elie Wiesel em um dos crematórios de Birkenau, o campo de morte de Auschwitz, num dia cinzento e triste do verão de 1979:
Sandro, 05/03/2008 | Sandro Baggio
filado da Igrejaemergente.com.br
sexta-feira, 7 de março de 2008
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